quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Bíblia - Uma Bússola para todas as horas

Temos Bíblias em nosso país, em nossa língua materna! Aleluia! Em alguns modelos encontrarmos uma lista de versículos para certas situações adversas ou não, pelas quais estamos passando. Exemplo disso é a seção “Como encontrar ajuda na Bíblia”:

1) Como enfrentar o sofrimento e a perseguição: 
3) Como enfrentar o desamparo: 
4) Com enfrentar a prisão: 
5) Como enfrentar os desastres da natureza:

Você, meu amigo cristão (e até mesmo os não-cristãos), pode encontrar auxílio para toda situação que enfrentar nessa vida através da Palavra e do Espírito Santo, se você clamar por ajuda ao Deus Todo-Poderoso. Mas aqueles que não têm as Escrituras em sua língua do coração, sua língua materna?! A quem eles recorrem uma vez que eles não sabem a quem devem clamar? Paulo diz: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não  creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram [ou leram, grifos meus]? E como ouvirão, se há quem pregue [ou traduzam, grifos meus]? E como pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10:13-15).

Pensando nisso, veja como Henrique [Henry] Martyn (A) (1781-1812),* tradutor da Bíblia –  O NT em hindustani, hindustão e persa e Os evangelhos em judaico-persa se expressou:

Pensai na situação triste do moribundo, que apenas conhecer bastante da eternidade para temer a morte, mas não conhece bastante do Salvador para olhar o futuro com esperança. Não pode pedir uma Bíblia para saber algo sobre o que se firmar nem pode pedir à esposa ou ao filho que lhe leiam um capítulo para o confortar. A Bíblia, ah! É um tesouro que eles nunca possuíram! Vós, que tendes um coração para sentir a miséria do próximo; vós, que sabeis como a agonia de espírito é mais que qualquer sofrimento do corpo; vós, que sabeis como a agonia de espírito é mais que qualquer sofrimento do corpo; vós, que sabeis que vem o dia em que tendes de morrer, oh! Dai-lhes aquilo que lhes será um conforto na hora de morrer”.(BOYER, p.98. ).

Você já leu a Palavra hoje? Já buscou seu auxílio? Já orou ao Deus que a escreveu? Não! Agora é uma boa hora para começar!


*Para obter mais informações sobre esse Herói da fé, consulte:
** Todas a referências são da Versão da Bíblia Almeida Revista e Atualizada, encontrada no site Bible Gateway.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Heróis da Fé - Você já leu?



Quem são os seus heróis? Não no sentido de que tenham uma capa e superpoderes ou tenham vindo de outro planeta. Mas falo de exemplos dignos de copiarmos. Na minha chamada ao ministério de tradução da Bíblia, há um nome que até hoje mexe comigo: William (ou Guilherme) Carey. Abaixo transcrevo alguns trechos da obra Heróis da Fé, da CPAD – um livro que muito me incentivou – sobre a vida desse homem de Deus. Há também alguns links para você(s) se deliciar(em) a seguir.

“Foi durante o tempo em que ensinava geografia em Moulton, que Carey leu o livro As Viagens do Capitão Cook, oportunidade em que Deus falou à sua alma acerca do estado abjeto dos pagãos sem o Evangelho. Na sua tenda de sapateiro, afixou na parede um grande mapa-múndi que ele mesmo desenhara cuidadosamente. Incluíra nesse mapa os dizeres disponíveis: o número exato da população, a flora e a fauna, as características dos habitantes etc., de todos os países. Enquanto consertava sapatos, levantava os olhos, de vez em quando, para o mapa, e meditava sobre as condições dos vários povos e a maneira de os evangelizar. Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus para preparar a Bíblia para os muitos milhões de hindus, na própria língua deles” (BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2010 – vide 82-83).

“Levantei-me hoje às 6 da manhã, li um capítulo da Bíblia hebraica; passei o resto do tempo, até ás 7 da manhã, EM ORAÇÃO. Então assisti ao culto doméstico em bengali, com os criados. Enquanto espera o chá, li um pouco em persa com um munchi que me esperava; li também, antes de comer, uma porção das Escrituras em hindustani. Logo depois de comer, sentei-me com um pundite que me esperava para continuar a tradução do sânscrito para o ramayuma. Trabalhamos até as 10 horas, quando fui ao colégio para ensinar até quase as 14 horas. Ao voltar para casa, li as provas da tradução de Jeremias em bengali, só findando em tempo para jantar. Depois do jantar, traduzi, ajudado pelo pundite-chefe do colégio, a maior parte do capítulo 8 de Mateus em sânscrito. Nisto fiquei ocupado até as 18 horas. Depois assentei-me com um pundite de Telinga para traduzir do sânscrito para a língua dele. Às 7 da noite comecei a meditar sobre a mensagem para um sermão e preguei em inglês às 7h30. Cerca de quarenta pessoas assistiram ao culto, entre as quais um juiz do Sudder Dewany’dawlut. Depois do culto, o juiz contribuiu com 500 rupias para a construção de um novo templo. Todos os que assistiram ao culto tinham saído às 21 horas, sentei-me para traduzir o capítulo 11 de Ezequiel para o bengali. Findei às 23 horas, e agora estou escrevendo esta carta. Depois, encerrei o dia COM ORAÇÃO. Não há dia em que disponha de mais tempo do que isto, mas o programa varia”(BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2010 – vide 86-87).

Quando esse servo de Deus chegou à Índia, foi-lhe negado desembarcar. Após sua morte, as bandeiras foram içadas em meia haste em sua homenagem. Calcula-se que seu esforço por esse ministério para a Glória de Deus, a tradução da Bíblia, tenha alcançada a terça parte dos habitantes da Terra em seus dias.

“Hexay reve mba'emo ra'yĩgue onhotỹ va'ekue ma ovy'a reve ju 'rã omono'õ”.
“Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria”.
Salmo 126:5 em guarani mbyá

domingo, 20 de novembro de 2011

Um Menino, Uma Menina e a Bela História da Tradução da Bíblia



Tenho mais aptidão para aprender as regras gramaticais (morfologia-sintaxe-semântica) de um idioma do que sua fonética (Esse é um problema contra o qual estou investindo muito para vencer! Um dia eu chego lá. Sei QUEM as criou e para Ele é fácil me ensinar!). Meu interesse por línguas nasceu ao observar minha irmã estudando inglês para a escola (Acho que ela cursava o 6º. Ano – uma coisa assim!). Porém, a primeira vez de que ouvi falar sobre a paixão pela tradução das Escrituras Sagradas vem da história de uma menininha galesa que é a responsável indireta pela criação da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Não sabia eu que ao ler aquela simples, mas comovente, história, Deus trabalhava em mim duas paixões: Línguas e Bíblia. A Ele toda glória! Mas, deixe-me mostrar a você(s) a animação dessa bela e enriquecedora história.

Assista o vídeo abaixo:





Para conhecer um pouco mais sobre essa história, acesse o site da Sociedade Bíblica do Brasil

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Importância da Tradução da Bíblia


por Wenceslao Calvo, missionário-tradutor

INTRODUção
Minha intenção neste artigo é demonstrar que aqueles povos onde a Bíblia foi traduzida para a língua autóctone ou vernácula do povo, o cristianismo foi preservado. Enquanto, que nos povos em que tal fato não ocorreu, a Igreja foi apagada do mapa. Também quero chamar a atenção sobre a necessidade que existe hoje em dia de traduzi-la. Meu interesse sobre a tradução da Bíblia para as línguas que ainda não a possuem deriva de minha filiação à Proel (Promotoria Espanhola de Linguística) – a filial espanhola de Tradutores da Bíblia Wycliffe.

HISTóRIA
Se nos fixamos no Norte de África vemos que poderíamos dividi-lo em duas zonas claramente diferenciadas em relação à presença do cristianismo: por um lado encontramos os países do Magrebe[1], nos quais existem apenas vestígios do cristianismo organizado; por outro lado, encontramos o Egito onde existe uma forte presença cristã, representada pela Igreja Copta. Entretanto, tanto no Magrebe como no Egito houve fortes comunidades cristãs que deram grandes dirigentes à Igreja de todos os tempos. Por exemplo, em Cartago e seus arredores, que corresponde ao que hoje é a costa mediterrânea de Túnis, Argélia e Líbia, houve desde os séculos II ao V uma dinâmica presença cristã da qual são exponentes alguns dos mais eminentes nomes que a cristandade já possui: Tertuliano, Cipriano e Agostinho de Hipona. Tais nomes bastam por si sós para encher muitas páginas da historia. Por outro lado em Alexandria, Egito, funcionou uma das grandes escolas teológicas dos primeiros séculos com personagens do calibre de Orígenes, Atanásio e Cirilo.




DIFERENçAS
Assim, temos duas grandes igrejas, Cartago e Alexandria, situadas a primeira no Magrebe e a segunda no Egito e ambas com grandes dirigentes. Porém, da primeira não ficou hoje nenhum rastro, enquanto que a segunda tem sobrevivido. A pergunta que surge é a seguinte: Quais foram as razões para tão dispare futuro? Por que uma entrou em colapso ante o avanço do Islã e a outra pôde subsistir ante esse mesmo avanço?
Deixemos que o historiador G. Bardy nos clarear esta questão:
A primeira vista o fundamento do cristianismo na África parece um fenômeno inexplicável; perguntamos como uma Igreja tão destacável, tão rica em episcopados e monastérios pôde desaparecer tão rápida y completamente.
As causas deste desaparecimento são certamente numerosas. Porém entre elas não há dúvidas uma tão importante como o caráter romano do cristianismo nesta região. Aqueles que haviam sido conquistados pela Igreja eram essencialmente romanos de língua latina. Desde o princípio, seus bispos e seus sacerdotes foram latinos; sua liturgia foi latina; sua Bíblia foi latina e ninguém nunca imaginou em traduzi-la para a língua púnica,[2] apesar de que – pelo que parece – tenha existido uma literatura púnica. Pelo menos, preocuparam-se de oferecer aos nativos a chance de uma pregação em púnico, ainda que os bispos e sacerdotes capazes de falar esta língua fossem sempre muito escassos, para realizar conquistas de grande alcance...
Por isso não devemos estranhar que, a partir das grandes invasões árabes, a Igreja da África viesse rapidamente ser liquidada. Culpada de não ter lançado raízes suficientemente profundas nas populações nativas, essa Igreja acabou desfalecendo e morrendo. (G. Bardy, La question des langues dans l'Eglise ancienne)

RAZõeS
Por isso, segundo este historiador, foi a falta de raízes, caracterizada pela ausência de uma tradução da Bíblia para a língua falada pelo povo, que facilitou o desaparecimento da Igreja no Magrebe. Enquanto que as classes superiores falavam o latim que era a língua "culta" e urbana, o povo seguia ligado ao púnico e ao berbere,[3] e a Igreja o que fez? Encantou-se pelo uso do latim, deixando às grandes massas de população virtualmente fora de sua influência. De fato, Agostinho de Hipona observa o seguinte: "A pregação do evangelho em nossas regiões encontra dificuldades por falta de pessoas que falem a língua púnica" (Agostinho de Hipona, Epístola LXXXIV, 2).
O que teria ocorrido se a Igreja de Cartago tivesse se preocupado em traduzir a Ítala, a versão latina da Bíblia, às línguas populares? Possivelmente que hoje haveria uma Igreja no Magrebe.
Esta foi precisamente a diferença com o Egito onde a língua popular era o copta. Se bem que o grego era o idioma oficial, as grandes massas rurais da população o ignoravam. Para eles era uma língua estranha, própria dos intelectuais e das classes dirigentes. Porém, a Igreja do Egito, o contrário da de Cartago, soube entender que a menos que possuíssem a Palavra de Deus em copta, todas aquelas pessoas nunca seriam conquistadas para o evangelho. No final do século II, e com finalidades missionárias, empreendeu-se a tradução da Escritura para o copta. No ano 300, já havia sido traduzida toda a Bíblia.

DIVERGÊNCIAS
Em certo sentido, a Igreja do Norte da África teve de enfrentar um dilema similar ao da Igreja de Jerusalém em Atos 15. A pergunta que os apóstolos a que detiveram foi: É Necessário circuncidar aos gentios e fazê-los judeus para serem admitidos na Igreja? A pergunta que martelava no norte de África era: É necessário que os convertidos que não conhecem aprendam latim ou grego para tornarem-se cristãos? A resposta que Cartago deu com sua passividade foi: Sim, é necessário aprendê-los. Enquanto Alexandria contestou: Não, nós poremos a Bíblia ao alcance do povo.
Além das de razões linguísticas, por si só suficientemente poderosas, havia razões políticas y culturais para que os habitantes do Magrebe rejeitarem o latim, que para eles representava a língua da potência colonial: Roma. Igualmente as massas do Egito rejeitaram o grego como veículo da dominação helenista.
A importância da tradução da Bíblia para a língua vernácula do povo também é enfatizada pelo depoimento do historiador L. Padovese que afirma ter o paganismo e as seitas encontrado força para crescer precisamente nas regiões onde as línguas populares estavam arraigadas e não havia tradução das Escrituras. Tristemente ali onde os cristãos demoraram a chegar, os pagãos e sectários fortaleceram-se na disseminação de suas ideologias. Este mesmo historiador também mostra que as manifestações mais grosseiras de superstição dentro da Igreja apareceram ali onde cristãos aceitaram um cristianismo que se expressava em uma língua diferente de sua língua materna. Por não entender a língua em as verdades da fé eram expostas, eles tiveram que buscar símbolos religiosos, por exemplo, pinturas e imagens, que facilmente desaguavam no paganismo.

APRENDENDO COM A HISTÓRIA
Todas estas lições do passado são urgentes e devemos aplicá-las agora uma vez que ainda falta muito por fazer no campo da tradução da Bíblia. Hoje há quase sete mil línguas vivas na terra. Destas trezentas tem a Bíblia completa, quase oitocentas possuem o Novo Testamento e outras em torno de mil têm alguma porção da Bíblia traduzida. Algumas nações são verdadeiros mosaicos linguísticos. Por exemplo, Papua-Nova Guiné sozinha possui quatro milhões e meio de habitantes, mas cerca de OITOCENTAS línguas.
Para ternos uma ideia da complexidade da tarefa basta lançar um olha no mapa linguístico da Espanha. E esse não é um caso dos mais complicados. Frente a um idioma hegemônico, o  castelhano, tem convivido durante séculos outros que a duras penas e somente com o advento da democracia têm adquirido a categoria de línguas oficiais do Estado junto a aquele: catalão, galego e basco. Por outro lado, qualquer valenciano se sentiria ofendido caso dissessem que sua língua é o catalão, porque para todo valenciano tem uma identidade própria ainda que todos reconheçam que o catalão e o valenciano sejam línguas irmãs. O mesmo ocorre com o balear. Além do mais, ao lado destas existem outras línguas minoritárias que também aspiram ao status de línguas oficiais ou de segunda categoria com identidade própria: asturiano, aragonêsaranês, gascão, no vale de Aran, e fala no vale de Estremadura[4] ao noroeste da província de Cáceres. Também estão os cento e vinte mil surdos espanhóis que utilizam sua língua de sinais, a qual tem seus dialetos dependendo da região onde vivam.


Nas últimas décadas o sentimento nacionalista tem mudado o conceito, vigente por séculos, de que estas línguas eram despreciáveis e próprias de iletrados e gente vulgar ou que eram vestígios curiosos do passado. Inclusive exemplos como Cervantes que ironiza em Dom Quixote sobre os bascos apresentando-os como pessoas que, devido à influência do dialeto vizcaíno[5] em seu falar cotidiano, deformavam o castelhano, o qual se suponha ser a língua culta.
Tudo o que Dom Quixote dizia escutava de um escudeiro dos acompanhavam a carruagem, o qual era vizcaíno; este... lhe disse, em mau castelhano e pior vizcaíno, desta maneira: Anda, cavaleiro que mal andes; pelo Deus que criou-me, que, se não deixas a carruagem, assim te matas como estás aí vizcaíno (Miguel de Cervantes, Don Quijote de la Mancha I, 8).



NECESSiDADES
Supostamente, a necessidade de tradução varia de uma nação para outra. Na Espanha, a imensa maioria da população falante de uma língua minoritária é bilíngue e, por isso, tem a seu alcance uma Bíblia, ainda que não seja em sua língua materna. Todavia, persiste o fato de que o melhor é que cada pessoa tenha as Escrituras em sua língua vernácula, a língua com que ele se identifica. Entretanto, em ouras nações há comunidades monolíngues sem acesso às Escrituras. De fato, sem aceso a um sistema alfabético porque são idiomas que nunca foram grafados.
Em anos recentes, linguistas de Instituto Linguístico de Verão,[6] organização vinculada à Proel, tem realizado um trabalho de investigação sociolinguística na Espanha no que se refere às línguas minoritárias não-oficiais. A recepção por parte das autoridades autônomas e locais para o projeto de verter as Escrituras para suas línguas de origem tem sido muito favorável. Hoje cada região e cada comunidade que possui uma língua autóctone, por mais minoritária que for, busca fomentá-la, reavivá-la e fortalece-la já que a considera como um sinal de identidade própria, e qualquer pessoa ou instituição que coopere com eles nesse sentido é bem-vindo. Aí temos uma oportunidade de deixar uma importante herança para as gerações futuras, o mesmo que aqueles cristãos dos primeiros séculos os quais souberam captar a importância de traduzir as Escrituras, no somente para as línguas predominantes, mas também para as demais.
Alguém disse que a única coisa certa que a História ensina é que a humanidade não aprende nada dessa mesma História. Vamos desmintir esse ditado e não sejamos como a Igreja de Cartago, mas imitemos a de Alexandria. Tomara que haja mais jovens espanhóis que sintam o chamado de Deus para trabalhar na tradução da Bíblia para as línguas que ainda não a possuem.

Tradução de Marcos Paulo da Silva Soares
Traduzido como permissão do autor do artigo em espanhol



[1] O Magrebe ou Magreb (em árabe, المغرب, Al-Maghrib), localizado no Noroeste da África, é uma região que abrange, em sentido estrito, Marrocos, Sahara Ocidental, Argélia e Tunísia (Pequeno Magreb ou Magreb Central). O Grande Magreb inclui também a Mauritânia e a Líbia. Na época do Império Romano, era conhecido como África menor (N. do Trad.).
[2] O púnico é uma língua semítica extinta, falada na região mediterrânea do norte da África e algumas ilhas do Mar Mediterrâneo pelos povos da cultura púnica (de origem fenícia) até por volta do séuclo IV d.C. (N. do Trad.).
[3] Um grupo de 25 línguas faladas pelos povos berberes, principalmente no norte e centro da África. Constituem um grupo da família linguística afro-asiática (N. do Trad.).
[4] Ou Xálima, que no dialeto estremenho significa A Fala (N. do Trad.).
[5] Dialeto falado na província espanhola de Vizcaínos, entre as províncias de Castela e Leão (N. do Trad.).
[6] No Brasil, Sociedade Internacional de Linguística.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Linguagem Humana e a Bíblia – Uma Breve Discussão


O universo  veio à tona pelo poder e criatividade de Deus (Gn 1:1). Nessa realidade criada, o SENHOR deu à humanidade uma bênção chamada LINGUAGEM. Nas postagens de nosso blog, quero meditar um pouco sobre essa dádiva e dar a vosso leitor sobre como desenvolver um uso mais aprimorado desse veículo para a glória de Deus.
I.     Linguagem, Língua e Fala
Na comunicação, você já deve ter percebido, o homem usa símbolos, gestos, desenhor etc.[1] A esses usos comunicativos damos o nome de linguagem. Assim, linguagem, como trabalharemos aqui, “é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas”.[2] Dentre todos esses tipos de linguagem, destaquemos a língua, pois é o veículo comunicativo mais conhecido e eficiente que a humanidade dispõe. O pai da Linguística Ferdinand Saussure, definiu língua como:
a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os moradores da comunidade. Por outro lado, o indivíduo tem necessidade de uma apredizagem para conhecer-lhe o funcionamento; somente pouco a pouco a criança a assimila.[3]
Segundo Saussure, língua é um subconjunto de linguagem [a parte... da linguagem] e está associada a uma dada sociedade [a parte social]. É um patrimônio de um grupo [ela... existe... em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os moradores da comunidade], não um bem privado [o indivíduo... por si só, não pode nem criá-la nem modificá-lo]. E, por fim, Saussure fala não só da capacidade humana de assimilá-la e da “necessidade... de... conhecer-lhe o funcionamento”.
Outra a definição para língua é: “um tipo de código formando por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si”.[4]
Necessitamos, agora, introduzir um termo complementar; a “fala”. Mesquita a chama de “realização concreta de uma língua, feita por um indivíduo de uma comunidade num determinado ato de comunicação”.[5]
A linguagem ou comunicação é um fenômeno que tem despertado a imaginação humana há séculos. Mesquita, falando sobre a capacidade humana de comunicar-se, declara:
O homem, como um ser social, precisa se comunicar e viver em comunidade, que é onde troca seus conhecimentos e suas experiências. Estes, por sua vez, irão levá-los a assimilar e compreender o mundo em que vive, dando-lhe meios para transformá-lo.[6]
Aqui, o autor associa a linguagem à existência da sociedade [O homem, como ser social] e revela algumas necessidades [O homem... precisa se comunicar e viver em comunidade] e certos comportamentos [O homem... troca seus conhecimentos e suas experiências]. A transformação do meio ao seu redor, visando o bem geral, depende dessa categoria [Estes, por sua vez, irão levá-lo a assimilar e compreender o mundo em que vive, dando-lhe meios para transformá-lo].
II.      Níveis de Linguagem
Existem diversas formas de estudar a linguagem. Alguns linguístas usam a subdivisão variedade geográfica e variedade sócio-cultural.[7] Outros, norma culta e norma popular.[8] Usaremos aqui: língua falada e língua escrita.[9]
LÍNGUA FALADA
LÍNGUA ESCRITA
1.      Numa situação de comunicação, a mensagem é transmitida de forma imediata.
2.      Em geral, o emissor e o receptor devem conhecer bem a situação e as circunstâncias que os rodeiam. Se, por qualquer motivo, isso não acontecer, pode haver problemas de comunicação ou, simplesmente, não haver mensagem.
3.      A mensagem costuma ser transmitida de forma mais breve, notando-se nítida tentatvia de economizar as palavras.
4.      Com a presença de um interlocutor, que pode, a qualquer momento, interromper a conversa, é comum o emprego de construções mais simples, frases incompletas, com ênfase nas orações coordenadas, “mais espontâneas e mais livres, menos reflexivas”.[10]
5.      Há elementos prosódicos, como entonação, pausa, ritmo e gestos, que enfatizam o significado dos vocábulos e das frases.
1. Numa situação de comunicação, a mensagem é transmitida de forma não imediata.
2. O receptor não precisa conhecer de forma direta a situação do emissor nem o contexto da mensagem.
3. São empregadas construções mais complexas, mais planejadas, pois subentendem-se que o emissor teve mais tempo para elaborar a mensagem, repensando-a, modificando-a.  É, por isso, mais comum o uso de orações mais complexas, subordinadas, que exigem mais esforço de memória ou de raciocínio.
4. Como não é possível, na língua escrita, a utilização dos elementos prosódicos da língua falada, o emprego dos sinais de pontuação tenta reconstruir alguns desses elementos.

III.               A Linguagem e a Bíblia

Vimos anteriormente uma descrição da categoria linguagem (e suas subcategorias: língua e fala) do ponto de vista humano. Mas o que a Bíblia tem a falar sobre ela. Vejamos agora.
Como cristãos, cremos no relato bíblico da criação. Nesse mesmo relato, somos informados que Deus capacitou o homem com a habilidade de assimilar e compreender o mundo em que vive. Veja o que o autor de Gênesis nos ensina:
Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem paraver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria o nome deles (Gênesis 2:19) .
Adão tinha a habilidade de assimilar informações sobre os animais e interagir com a realidade a sua volta, ou simplesmente, ele nomeou (usou substantivos) os seres que o cercavam. A capacidade linguístico-semântica de que desfrutamos é uma dádiva de Deus aos homens, logo como todos os demais dons de que dispomos, ela deve ser usada para o engrandecimento daquele que nos confiou tal (cf. A Parábola dos Talentos em Mt 25:14-30)
Outro importante motivo para fazermos bom e fiel uso da linguagem é: ser ela o canal que Deus emprega para mostrar-se à humanidade. Teologicamente, isso é chamado de revelação.  O salmista diz:
1Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.  2 Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.  3 Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som4no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo (Salmo 19:1-4).
Deus se comunica com todos os homens, em todas as épocas e em todos os lugares por meio de um tipo de linguagem: a fala não-humana da natureza.[11] Contudo, a certas pessoas, em certas épocas e em certos lugares, Ele revelou-se de forma especial.[12] Esses dois tipos de comunicação estão sublinhados no texto acima. Há interação linguística entre Deus e os homens. Para provarmos a existência dessa interação ou comunicação, nos basearemos na assertiva do linguista Roman Jakobson: “é mister uma perspectiva sumária dos fatores constitutivos de todo processo linguístico, de todo ato de comunicação verbal”.[13]
Aplicando essa declaração, observaremos que existem seis elementos básicos presentes na comunicação (da ênfase dada a cada desses elementos, derivam-se todos os formatos de textos orais e/ou escritos).[14] Jakobson organizou assim suas observações sobre esses elementos:[15]










Deus [o remetente] fala da excelência da criação (vv. 1-6) e da palavra de Deus (vv. 7-14) [a mensagem] aos homens [os destinatários]. A intenção do salmo é mostra que Deus se revela à humanidade [o referente], por meio da natureza e da Bíblia [o canal] utilizando recursos audiovisuais, tais como os corpos celestes [a revelação geral], e visual-auditivo, a palavra escrita e/ou falada [o código] (a revelação especial).
Creio que essas são provas de que existe comunicação entre Deus e os homens. Para concluirmos nossa discussão, é necessário analisarmos dois fatores: o que Deus comunicou de si mesmo e qual a aplicação disso.
Como ministros de Deus no mundo, encontraremos pessoas que afirmam não ser possível conhecer nada sobre Deus (os céticos decididos)[16] ou que dizem não poder saber nada com certeza (os céticos comuns).[17] Alguns argumentos são: “Se Deus existe, ele não se comunica com os homens. Ele está totalmente afastado do mundo” e “Deus é infinito, como alguém finito entenderá o infinito? É impossível”. Uma das maiores mente cristãs do século XX, Francis Schaeffer, comenta:
De acordo com o posicionamento judaico-cristão e da Reforma em geral, acreditamos que existe alguém com quem conversar, e que ele nos transmitiu informações de dois tipos. Primeiramente, ele falou sobre si mesmo, não exaustiva, mas verdadeiramente; e, em segundo lugar, ele falou sobre a História e o Cosmos, não exaustiva, mas verdadeiramente. Sendo assim, e, como ele nos contou as duas coisas na base da revelação proposiocional e verbalizada [...].[18]
É possível conhecer a Deus, porque Ele se revelou aos homens de duas formas: Geral e Particularmente. Essa revelação não foi conseguida pelo esforço humano (2 Pe 1:20, 21a), mas o próprio Deus falou pela natureza (Sl 19:1-6; Rm 1:18-20), por meio de teofanias, visões, vozes, profecias (2 Pe 1:21; Hb 1:1) e, por último, pelo seu Filho (Hb 1:2; Jo 1:18). Deus não revelou tudo aos homens (Dt 29:29) o que precisamos saber para nossa salvação (Jo 17:17).


[1] MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8ª Edição reformulada e atualizada. São Paulo: Editora Saraiva. 1999. 608. [vide p. 15]
[2] CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens: literatura, produção de texto e gramática. Volume 1. 3ª Edição revista e ampliada. São Paulo: Atual, 1999. [vide p. 6]
[3] MESQUITA, 1999:15.
[4] SAUSSURE apud MESQUITA (Ibidem, p.16). Para mais detalhes, veja: SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. 20ª Edição. São Paulo: Cultrix. 1995.
[5] MESQUITA, 1999:15.
[6] Ibidem.
[7] Veja PRETI, Dino. Sociolinguística. Os Níveis da Fala. 7ª Edição. São Paulo: Edusp, 1994, p. 24-25.
[8] CEREJA & MAGALHÃES, 1999:9.
[9]  Ibidem, p. 21.
[10]  BORBA apud MESQUITA (Ibidem, p.21). Para mais detalhes, veja: BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1975, p.262.
[11] Na Teologia, isso é conhecido como revelação geral.
[12]  Conhecida como revelação particular ou especial.
[13] JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1989, p. 122-123.
[14] Skeff faz uma abordagem bem interessante e didática sobre isso. Para mais detalhes veja: SKEFF, Alvisto. Curso Interativo de Redação. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 1998. 414 p.
[15] No esquema original, Jakobson usou o termo ‘contexto’ para o que aqui chamamos de ‘referente’ e contato, para ‘canal’.
[16]Segundo Geisler & Turek, 2006:43. Para maiores detalhes veja: GEISLER, Norman & TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Tradução de E.ida, 2006. 421  p.
[17] Ibidem.
[18] SCHAEFFER, Francis. O Deus que se revela. Tradução de Gabrielle Gregersen. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002. 143 p. [vide p. 100]

Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia

Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblia...