domingo, 24 de fevereiro de 2013

Jerônimo (340-420)


PRIMEIROS ANOS

Eusébio Jerônimo nasceu em Stridon, uma cidade nos confins da Dalmácia e Panônia, no ano 340 d.C. e faleceu em Belém, no dia 30 de setembro do ano 420. Aos 20 anos foi batizado em Roma, mostrando grande interesse nos assuntos eclesiásticos. De Roma viajou para Trier, famosa por suas escolas e ali começou seus seus estudos teológicos.


APRENDENDO HEBRAICO

Anos depois viajou para Aquileia e, no ano 373, chegou no oriente. Primeiramente, morou em Antioquia, onde ouviu os ensinos de Apolinário de Laodiceia, um dos primeiros exegetas de seu tempo. Em seguida, viveu no deserto de Cálcis por  cinco anos, onde teve sua célebre visão de ser açoitado diante do tribunal de Cristo por ser mais ciceroniano do que cristão. Além disso, sua experiência no deserto foi produtiva, pois ali se exercitou em algo que seria de grande utilidade no futuro: a aprendizagem da língua hebraica.

EM BELÉM

Ordenado sacerdote em Antioquia, viajou para Constantinopla onde tornou-se amigo de Gregório de Nazianzo. Do ano 382 a 385, permaneceu em Roma. Ali, fez inimizades com muitos devido sua língua afiada. Após a morte do papa Dâmaso, precisou sair de Roma acompanhado por algumas damas da alta sociedade romana que lhe davam assistência a seus estudos. Chegando a Belém no ano 386, morou nessa cidade até sua morte, dedicando-se ao ascetismo e aos estudos. Teve polêmica com Rufino de Aquileia e com os pelagianos.


A VULGATA

Embora tenha sido um escritor prolífico, sem dúvida sua grande contribuição, com a qual alcançou renome, é sua tradução da Bíblia para o latim conhecida como Vulgata Antes dessa tradução, já existia outra tradução latina chamada de Vetus Latina. Todavia, a obra de Jerônimo é superior em qualidade literária e erudição.

Ainda que fosse versado em latim clássico (além do hebraico e grego), sua tradução foi composta no latim que era falado e escrito pela maioria das pessoas de seu tempo. A esta variante linguística dava-se o nome de  "vulgar", isto é, a língua comum do povo. Por isso, foi denominada de Vulgata.


LATIM : CLÁSSICO OU VULGAR?

O latim vulgar era uma variação do latim clássico que com o tempo se desmembrou dando origem às línguas como o espanhol, o francês e o italiano.

Essa língua já havia começado um processo transformativo que entre outras coisas era representado pelo  abandono das declinações o uso das preposições em seu lugar. Por exemplo no latim clássico a frase: "Ele me falou" soaria Dixit Mihi ou Mihi Dixit, porém no latim vulgar seria Dixit ad Me.


A SEPTUAGINTA

No segundo século antes de Cristo, eruditos judeus de Alexandria teriam traduzido as Escrituras do hebraico para o grego. A tradição chamou obra de Septuaginta (ou LXX), por que em sua elaboração trabalharam 70 (ou 72) tradutores. A LXX contém seis livros a mais que seu texto original, ou seja, o hebraico, também conhecido como texto massorético (ou TM). Até a leitura de alguns versículos diferem entre a LXX e o TM.

Os escritores do NT, com a exceção de Mateus, ao citarem o AT, normalmente usam a LXX. As diferenças nas leituras um texto e outro é explicado pelo fato de que nem os tradutores da LXX nem sempre acertaram em sua tradução. No entanto, antigos manuscritos hebraicos da Bíblia descobertos no século XX em Qumrán, algumas vezes confirmam a leitura da LXX e não à do TM. Por isso, supõe-se que os manuscritos com os quais trabalharam os tradutores da LXX eram fidedignos e foram a base do texto padronizado que temos hoje.


A BÍBLIA HEBRAICA

Os cristãos contemporâneos de Jerônimo, muitos dos quais conheciam o grego, mas não hebraico, estavam acostumados com o uso da LXX - até a Vetus Latina havia sido traduzida do grego. Porém, ele estava determinado em realizar sua obra tendo como base o texto hebraico, pois em suas discussões como os rabinos sempre se deparava com a frase: "mas isso é o que diz o hebraico".

Até os idos de 391-392, Jerônimo considerou a LXX uma tradução inspirada, mas como resultado de seus estudos no hebraico e com sua relação com os rabinos, acabou abandonando essa ideia e reconhecendo como inspirado apenas o texto original. Durante esse período, inciou sua tradução do AT. Contudo, sua reação contra a LXX foi muito exagerada, uma vez que não levou em conta que esta tradução foi feita a partir de um texto hebraico mais antigo e, às vezes,mais puro que o texto hebraico usado no século IV.

ESCRITOR PROLÍFICO

Com a exceção desse último fato, a obra de Jerônimo merece muitos elogios. Ele escreveu comentários exegéticos de muitos livros da Bíblia nos quais podemos apreciar sua erudição seu vasto conhecimento. Como exegeta, foi muito cuidadoso com a escolha de suas fontes de informação e possuía um amplo conhecimento da história sagrada e a secular, além de ser um competente linguista e um profundo conhecedor da geografia de Palestina.


OS DEUTEROCANÔNICOS

A posição de Jerônimo com respeito à inspiração da Bíblia, sua autoridade e sua inerrância, era ortodoxa e não admitia os livros deuterocanônicos como inspirados:

"Os livro de Jesus, filho de Siraque, Sabedoria de Salomão, Judite, Ester, Tobias e os Macabeus são lidos para a edificação; não desfrutam, porém, de autoridade canônica. Os livros de III e IV Esdras não passam de fantasias." (Ao se referir a Ester, Jerônimo tem em mente as edições feitas a esse livro, Nota do Editor).

As controvérsias com judeus e pagãos sobre certas dificuldades bíblicas já eram frequentes há muito tempo. A isso, Jerônimo respondia de várias formas: (1) apela para o princípio de que somente o texto original das Escrituras é livre de erro, por isso temos que determinar primeiro se o texto em debate é fiel ou foi modificado por algum copista. (2) Quando os escritores do NT citam o Antigo, não o fazem de acordo com a letra, mas conforme o espírito da letra.

Embora Jerônimo, em sua defesa, caia, às vezes, em contradições, temos que apreciar sobretudo sua sinceridade. como por exemplo, quando não tinha suficientes argumentos para contestar, reconhecia sua ignorância e admitia que havia dificuldades na Bíblia difíceis de resolver.


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 09 de janeiro de 2013, às 17:00
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Juan de Jarava (Século XVI)

Juan de Jarava viveu em meados do século XVI e foi médico de Leonor da Áustria, rainha da França e irmã de Carlos V. Traduziu para o espanhol obras antigas e contemporâneas de diversos tipos, tais como: as obras de Cícero, Aristóteles, Plínio e Erasmo.

Entre suas traduções de textos bíblicos estão "Os Salmos Penitenciais", "Os Salmos de Degraus" e as Lamentações de Jeremias. Todos traduzidos para a língua comum do povo. Além dessas obras, traduziu o Livro de Jesus, filho de Siraque, também chamado de Eclesiástico.


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 09 de janeiro de 2013, às 16:59
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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Fernando de Jarava (Século XVI)

Fernando de Jarava, não deve ser confundido com o médico Juan de Jarava, seu sobrinho, foi capelão da rainha Leonor da Áustria, irmão do rei Carlos V. Parece que foi o autor de uma Instrução de Mercadores, cujo conteúdo discursava sobre comprar, vender e a usura que pode ocorrer em um transação comercial.

Sua contribuição à tradução de textos bíblicos para o castelhano vem da obra As Lições de Jó e Nove Salmos para serem cantados no Dia de Finados.*  Além disso, traduziu, tendo como base a Vulgata, as Lamentações de Jeremias e os Salmos chamados Cânticos de Degraus. Esse trabalho foi impresso em Amberes, em 1550.


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 09 de janeiro de 2013, às 16:46
Usado com permissão

* O original diz: "Las Liciones de Job, con los nueve Psalmos, que con ellas se cantan en las horas de los finados."

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Martin Janicki (Século XVI)

No sínodo de Ozarowiec, em 1600, foi proposto a composição de uma nova edição da Bíblia em polonês. Para tal empreitada, foi comissionado o pastor reformado Martin Janicki, que já havia traduzido a Bíblia dos textos originais. Ficou decidido em 1603, que esta tradução deveria ser impressa, depois de ser cuidadosamente revisada. Esse serviço foi confiado a crentes das confissões reformada e luteranas e, em 1604, a membros da Igreja Morávia, dentre eles:  Daniel Mikolajewski (morto em 1633) e Jan Turnowski intendente da Igreja Morávia na Grande Polônia (morto em 1629).

Frontispício da Bíblia de Danzig
Depois de ser comparada com a tradução que Janicki havia feito tempos atrás, com a tradução de de Brest, com a de Pagnino e com a Vulgata, a nova versão foi impressa. Fica difícil avaliar a nova tradução a partir da primeira tradução feita por Janicki, já que esta não foi impressa. O Novo Testamento foi publicado em Danzig, em 1606, recebendo diversas reimpressões nos séculos XVI e XVII. 

A Bíblia completa foi editada em 1632 e diversas outras vezes desde então. A Tradução da Bíblia de Danzig difere tanto da Tradução de Brest a ponto de poder ser considerada uma nova tradução. Às vezes, esta tradução é chamada erroneamente de a Bíblia de Paliurus (um morávio, intendente das Igrejas Evangélicas da Grande Polônia, morto em 1632), porém este não participou desta tradução.



Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 09 de janeiro de 2013, às 16:46
Usado com permissão

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Morre Missionária que Ajudou a Traduzir a Bíblia para a Língua Kaiwá

Morreu na última terça-feira, dia 29, a missionária norte-americana Loraine Irere Bridgeman (conhecida pelos brasileiros como Lorena), aos 87 anos. Ela trabalhou no Brasil por quase 50 anos e dedicou sua vida ao trabalho missionário com o povo indígena Kaiwá. 

Missionária Lorena Bridgeman em sua última viagem ao Brasil
Doutora em Linguística e em Antropologia, ela falava a língua dos Kaiwá com a mesma fluência de qualquer indígena. Traduziu, juntamente com o casal de missionários ingleses John e Audrey Taylor, o Novo Testamento Kaiwá, publicado em 1986. Quando se aposentou, em 2005, já havia traduzido mais de dois terços do Antigo Testamento.

Lorena nasceu no dia 01 de novembro de 1925, foi membro da SIL (Associação Internacional de Linguística) desde 1952, e viveu no Brasil de 1958 a 2005. Além de trabalhar intensamente na análise da língua Kaiwá e na tradução da Bíblia, foi também professora de Linguística, inclusive na Universidade de Brasília. 

“No dia 24 de janeiro, Lorena foi internada no hospital da Comunidade onde residia, submetida a uma cirurgia, e não voltou mais para sua casa terrestre. Já havia completado a carreira e foi morar em seu novo lar. Para nós que ficamos, fica a imensa saudade, dessa ‘vovó’ (como ela gostava de ser chamada) tão querida, mas também a certeza de nos encontrarmos novamente no céu na presença de nosso Senhor”, contam Cristiano e Eliane Barros, missionários da Wycliffe.

Acesso: 12 de fev. de 2013, às 19:53

Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia

Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblia...