terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tradutores da Bíblia: Áquila (Século II d.C.)



A primeira tradução que os judeus fizeram do Antigo Testamento, com a exceção das paráfrases do aramaico, foi a chamada tradução dos 70 ou 72, para ser mais exatos, eruditos judeus fizeram do hebraico para o grego, na cidade egípcia de Alexandria, no século III a. C.  sob o reinado do Faraó Ptolomeu Filadelfo (285-247 a. C.). Ela chegou a ser conhecida como Septuaginta (LXX). Ao redor dessa tradução se criou, desde cedo, toda uma tradição a respeito do modo miraculoso pelo qual ela foi produzida. Irineu relata em sua obra Contra as Heresias o seguinte:
Antes dos romanos estabelecerem sua administração, no tempo que os macedônios ainda possuíam a Ásia, Ptolomeu, filho de Lagos, desejando enriquecer sua biblioteca, fundada em Alexandria, com os melhores escritos procedentes de toda parte, pediu aos habitantes de Jerusalém que traduzissem suas Escrituras para o grego. Ainda subjugados pelos macedônios, os judeus enviaram setenta anciãos, os mais habilidosos nas Escrituras e no conhecimento de ambas línguas, cumprindo assim o propósito de Deus. Temendo que os judeus pudessem conspirar ocultando em sua tradução o verdadeiro sentido das Escrituras, Ptolomeu os separou e lhes ordenou que suas traduções fossem iguais. Quando eles compareceram diante do soberano egípcio e compararam suas versões, Deus foi glorificado e a Escritura foi reconhecida como divina, porque todas diziam as mesmas coisas com as mesmas palavras do princípio ao fim. Isso levou até mesmo os pagãos a reconhecerem que as Escrituras haviam sido traduzidas pela inspiração de Deus.
A LXX desfrutou o reconhecimento oficial da comunidade judaica de Alexandria e os escritores posteriores como Filo e Flávio Josefo a citaram em suas obras. Por causa da Diáspora,[1] muitos judeus passaram a habitar muito distante da terra dos seus antepassados, com isso foram aos poucos perdendo o conhecimento do hebraico. Com isso a LXX chegou a ocupar um papel vital para a sobrevivência de tais comunidades, uma vez que a língua grega tornou-se a língua materna desses grupos.
Além disso, a LXX preparou o terreno para os missionários cristãos que vieram anos depois, pois ela se tornou a versão dos primeiros anos do cristianismo, aquela usada pela igreja primitiva. De fato, as citações do Antigo Testamento encontradas no Novo Testamento procedem em grande parte da LXX. [Na direita, temos o texto de II Reis em um manuscrito palimpseto da LXX de Áquila]
Entretanto, pouco depois de seu uso pelos cristãos, a LXX começou a perder prestígio entre os judeus. Várias razões contribuíram com isso: em primeiro lugar, nas disputas teológicas entre cristãos y judeus, certas passagens da LXX pareciam apoiar a opinião cristã. Talvez a mais famosa delas seja a de Isaías 7:14, na qual a LXX traduz o hebraico 'almah como virgem, confirmando assim a crença cristã no nascimento virginal de Jesus. Outra razão para o abandono da LXX pelos judeus foi o fechamento cânon do Antigo Testamento na Palestina perto do final do século I d.C. O cânon palestinense não concordava exatamente com o cânon da LXX. Havia certos livros neste último, tais como Macabeus, Judite, Tobias, Baruque, Sabedoria, Eclesiástico, Salmos de Salomão e outras porções, que foram no concílio de Jâmnia, onde o cânon judaico foi estabelecido.
Junto a isso, devido à grande difusão do cristianismo, no seio do judaísmo se desenvolveu, nos primeiros séculos da era cristã, um movimento muito conservador. Sob a influência do rabino Akiba (século II d. C.) nasce uma escola de interpretação rabínica que destacava o valor de cada letra no texto sagrado, sendo estritamente literais quanto ao uso das palavras. Para esta escola, a LXX parece uma tradução muito livre.
Devido a todas estas razões, é necessária uma nova tradução do Antigo Testamento para o grego. É nessa hora que Áquila entra em cena. Pouco se sabe sobre sua vida. Jerônimo diz que era um prosélito judeu, natural do Ponto. Teria militado nas fileiras cristãs até retornar novamente para o judaísmo por causa da influência do rabino Akiba, (ainda que o Talmude de Jerusalém, Megillah 71a, relacione-o aos Rabinos Eliezer ben Hircano e Yehosua) cujos métodos de interpretação seriam usados por Áquila ao fazer sua tradução para o grego.
Como era de supor, a tradução de Áquila era muito literal, caindo, às vezes na ingenuidade, ainda que uma ingenuidade não isenta de mérito por causa de sua coerência, fruto de seus rígidos princípios de tradução. Naturalmente, a tradução de Áquila não desfrutou da simpatia dos cristãos, os quais viram que a tradução da palavra 'almah de Isaías 7:14 por donzela em lugar de virgem. Jerônimo, certa vez, zomba das peculiaridades da tradução de Áquila, por exemplo em Gênesis 1:1, ele traduz assim: “No princípio criou Deus com os céus e com a terra”. Por outro lado, Áquila substituiu os termos que tinha adquirido conotações cristãs por outros. Por exemplo, a palavra mãšîah = Christós, "Messias", ele a substituí por eleîmmenos. Por tudo isso, os judeus têm em grande estima o trabalho de Áquila, usando-a durante séculos em sua liturgia. Somente quando o estudo do texto hebraico original começa a ser revalorizado, durante o Império Bizantino, é que a tradução de Áquila perde a autonomia.
Cem anos mais tarde do aparecimento da tradução de Áquila, que ocorreu durante o governo do já citado Imperador Adriano no ano 130 d. C., Orígenes, o grande erudito cristão da escola de Alexandria, começa a dedicar boa parte de sua vida ao estudo do texto do Antigo Testamento, comparando as distintas versões que ele tem em mãos. Para isso, ele comporá uma de suas principais obras chamada Hexapla, que contém o texto sagrado em seis colunas paralelas assim divididas: o texto hebraico em caracteres hebraicas, o texto hebraico em caracteres gregos, a LXX, na tradução de Áquila, a de Símaco e a de Teodócio. Desta maneira a tradução de Áquila entra no campo de estudo dos eruditos cristãos por intermédio de Orígenes.
Epifânio (c. 315—403) preservou em seus escritos a tradição cristã popular que faz de Áquila parente do Imperador romano Adriano. Este o teria contratado para reedificar Jerusalém, onde converteu-se ao cristianismo. Depois regressou ao judaísmo por ser repreendido devido à prática da astrologia.[Abaixo temos o texto de Gênesis 1:1-8 da Septuaginta]




Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares.
Usado com permissão


[1] A dispersão dos judeus, no decorrer dos séculos. No caso, refere-se a do período conhecido como pós-exílico e imediatamente anterior ao tempo do Novo Testamento.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tradutores da Bíblia: Esteban de Anse


Durante o século XII, em Lion, na França, surgiram e difundiram os valdenses, movimento que pretendia recuperar as raízes de una vida cristã baseada no Novo Testamento. Uma de suas marcas, além da pobreza material, era a pregação dos laicos[1] e sua insistência em pôr a Sagrada Escritura na língua vernácula[2] do povo.
Com esse objetivo, Pedro Valdo, fundador deste movimento, encarregou ao sacerdote-gramático Esteban de Anse que traduzisse uma seleção de textos para a língua comum.[3]  O próprio Valdo se encarregaria de financiar o projeto compensando a Esteban, entre outras coisas, com um forno de sua propriedade – a qual anos depois, Anse doaria à catedral de San Esteban. O trabalho de tradução foi realizado até 1170, data na qual Valdo começou a pregar nas ruas de sua cidade. Poucos anos depois, quando os valdenses compareceram diante do III Concílio de Latrão a fim de defenderem-se levavam consigo a tradução de boa parte da Bíblia: “Apresentação ao Papa um livro escrito em gaulês,[4] que continha o texto e a glossa do Saltério e de muitos escritos do Antigo e do Novo Testamento”.[5] É interessante a expressão 'em gaulês' nesse texto, recolhida por uma testemunha presencial dos atos e que faz referência à língua vernácula falada pelos valdenses. Este falar, com certeza, era uma variante do provençal.[6]
Esteban de Borbón, aquele que escreveu em 1250 um tratado intitulado De septem donis Spiritus sancti, menciona os Evangelhos como parte dos livros bíblicos traduzidos por Esteban de Anse para Valdo. Também menciona 'outros livros da Bíblia e fragmentos dos Pais da Igreja, reunidos com o título Sentença.
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão.



[1] Também chamados de leigos, pessoas não consagradas a um ofício eclesiástico (N. do Trad.).
[2] O mesmo que língua materna (N. do Trad.).
[3] A língua falada nessa região era o rético, uma das línguas derivadas do latim vulgar ou comum. Alguns acreditam que se trata-se do provençal – veja nota de rodapé 6 (N. do Trad.).
[4] A língua dos antigos gaules, derivada dos celtas e falada na região que compreende a França e parte da Suiça (N. do Trad.).
[5] Walter Map, De nugis curialum.
[6][6] Uma das dez línguas derivadas do latim vulgar. Falada na região sul da França e de importante influência nas origens da literatura portuguesa (N. do Trad.).

Tradutores da Bíblia: Manrique Alonso Lallave (1839-1889)


Manrique Alonso Lallave nasceu em Fuente de San Esteban, Salamanca (Espanha) em 1839 e morreu em Manila – Filipinas, em 1889.
Exerceu o ofício de padre dominicano por doze anos nas Filipinas. Dessa experiência surgiu um livro intitulado Os frades nas Filipinas (Madri, 1872). Nele Lallave discorre sobre os prejuízos que os nativos filipinos sofreram decorrentes do controle clérigo espanhol. Após conhecer o evangelho, tornou pastor, exercendo seu ministério em Madri e Sevilha. Nesta cidade, desenvolveu um importante trabalho evangelístico entre os anos 1874 e 1889. Mesmo tendo abandonado as Filipinas, seu coração, jamais deixou de bater por seu povo, mesmo estando na Espanha. Sobre isso, ele declarou: “'Levar o evangelho ao arquipélago filipino é um assunto que deveria interessar a todos os cristãos evangélicos, especialmente aos espanhóis”.
Com os conhecimentos linguísticos adquiridos nas Filipinas, conseguiu traduzir, enquanto esteve na Espanha, os quatro evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos para a língua ilocana,[1] língua da região filipina de Pangasinan.
Sua tradução teve por base a versão espanhola de Reina-Valera e o primeiro livro bíblico a traduzir foi o evangelho de Lucas – cujo título foi Say Masantos a Evangelio na cataoan tin Jesu Cristo de onuñg na dinemuet nen S. Lucas. A obra foi publicada pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira em Londres em 1887. No ano seguinte, foram traduzidos Mateus, Marcos, João e Atos.
Em 1889, partiu, na companhia de Francisco de Paula Castell, para as Filipinas. Pouco depois de sua chegada foram envenenados. Alonso Lallave morreu por consequência disso, já Castell sobreviveu, chegando posteriormente a traduzir a Bíblia para o povo bribri[2] da América Central.
Além das obras acima mencionadas, Alonso Lallave também publicou um Dicionário Bíblico, colaborou assiduamente com A Luz, sendo fundador e diretor de O Mensageiro Cristão e diretor de A Oficina uma publicação maçônica.[3]

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão.




[1] Ilocano é uma língua austronésia falada primariamente no norte de Luzon, nas Filipinas. O nome vem de Iloko, nome nativo das Filipinas (N. do Trad.).
         [2] A língua bribri é uma língua tonal e posposicional falada pela comunidade bribri na região costarriquenha de Talamanca e nas montanhas da Província de Bocas Del Toro no Panamá. (N. do Trad.).
[3] Embora Lallave tenha servido aos propósitos do reino de Deus traduzindo a Palavra do Senhor para o illocano, a língua da região de Panganisan, cremos que, ao envolver-se com a maçonaria, o mesmo estava agindo de forma anticristã e antibíblica. Aquele que traduzira a Palavra estava agora vivendo em desacordo com os princípios da mesma Palavra que ajudara a traduzir. O Senhor Jesus ensinou que “o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes. E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora” (Mt 13:47,48) (N. do Trad.).

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Série Tradutores da Bíblia: Mikael Agrícola – Pai da Literatura Finlandesa (1510-1557)



Mikael Agrícola nasceu em Uusimaa, Finlândia, em 1510 e frequentou a escola de Viborg (Viipuri) e depois a de Abo (Turku), onde entrou em contato com a Reforma, pois o bispo dessa cidade lhe havia enviado a Wittenberg, onde conheceu a Lutero e Melanchthon. Agrícola já havia pregado em sua terra natal as doutrinas reformadas, tanto na cidade de Abo como no campo.
Esteve em Wittenberg de 1536 a 1539, ao voltar para a Finlândia conduzia uma carta de recomendação para bispo escrita por Lutero. Com isso, conseguiu ser nomeado reitor da escola catedrática de Abo, a principal instituição teológica do país na época. Após a morte do bispo em 1554, Agrícola foi consagrado como o novo bispo de Abo sem a aprovação papal.
Quando percebeu a importância de ensinar e adorar a Deus na língua finlandesa, Agrícola estabeleceu normas ortográficas que se tornaram a base do moderno finlandês, escreveu um livro, Abecedário, o primeiro livro escrito em sua língua materna. Além disso, escreveu um livro de oração em 1554 e um livro sobre liturgia do culto. Porém, o trabalho que impactaria sua terra natal seria a tradução do Novo Testamento em sua língua materna. Também traduziu muitos hinos para o finlandês e colecionou outros hinos que haviam sido escritos por outros autores. Paralelo a essas tarefas, foi estudioso dos mitos e folclores finlandeses anteriores a chegada do cristianismo em seu país. Muitos o consideram Pai da Literatura Finlandesa.
Após seu trabalho de tradução do Novo Testamento, Agrícola iniciou também a tradução do Antigo Testamento, concluindo partes do mesmo, entre elas os Salmos. A Finlândia deve a Agrícola os fundamentos do cristianismo evangélico, as bases da educação teológica, da liturgia, da instrução e da pregação nessa língua.
Ao concluir apenas três anos de episcopado e após voltar de uma missão diplomática entre os russos, para o qual havia sido designado, morreu subitamente sem completar seus cinqüenta anos de vida.



Os primeiros oito versículos do capítulo 1 do evangelho segundo João em finlandês.




Traduzido Por Marcos Paulo da Silva Soares

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Missão Portas Abertas - Classificação de países por perseguição

Missão Portas Abertas - Classificação de países por perseguição

Tradutores da Bíblia: Luis de Acevedo (Século XVII)


Luis de Acevedo foi um jesuíta português perito na língua etíope na qual escreveu diversas obras, entre outras uma gramática amhárica[1] e uma coleção de sermões. Traduziu o Novo Testamento para essa mesma língua com a colaboração de Luis Caldeira.
João 3:16 na escrita e língua amháricas

Traduzido Por Marcos Paulo da Silva Soares





[1] Uma língua semítica e o idioma oficial da Etiópia, com cerca de 26 milhoes de falantes nativos. Não se deve confundir o amhárico com o aramaico, embora ambas sejam línguas de origem semítica (N. do Trad.). 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Com que alegria você lê as Escrituras?

O  povo kimyal, da Papua Ocidental, na Indonésia, dá uma demonstração do que o salmista quer dizer: Alegrei-me quando me disseram: Vamos ler a Palavra de Deus (Sl 122:1). Ops!, é vamos à Casa do Senhor! Porém ir à Casa do Senhor, ler a Palavra do Senhor, Falar com o Senhor em oração, Falar do Senhor ao evangelizar, tudo isso é uma grande bênção que temos a tendência de diminuir o significado ou até mesmo: esquecer!

Que Deus nos conceda o coração do povo kimyal, um novo coração como o profeta Ezequiel fala: Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne [...] Dar-vos-ei coração novo e porei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne (Ex 11:19; 36:26).

Oremos por um coração que ama o que Deus ama, valoriza o que Ele valoriza!

Assista o vídeo: 




Tradutores da Bíblia: Jonas Abravanel (Século XVII)


Os Abravanels foram uma antiga família judia de Sevilha que no início das perseguições em 1391 tiveram que emigrar para Portugal. Em anos posteriores (1483) a família Abravanel teve que cruzar a fronteira novamente, mas em sentido oposto. O patriarca da família, Isaac Abravanel, era um homem de grande erudição e um sábio estudioso do Talmude. Ele escreveu comentários aos livros dos profetas e sobre os livros de Josué, Juízes e Samuel. Todos eles escritos em língua hebraica.
Durante certo tempo viveu em Castela, na zona de Plasencia, isto é, próximo da fronteira com Portugal. Mesmo assim em documentos de 1488 aparece como vizinho de Alcalá de Henares e, em 1491, como vizinho de Guadalajara.
Homem muito rico, sua atividade centraliza-se no arrecadamento de impostos e no empréstimo com juros. De fato, foi ele quem financiou a guerra que os Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, sustentaram contra o último reduto muçulmano em Granada e que, paradoxalmente, decretará também o fim da estada judia na Espanha.
É verdade que o edito de expulsão ocorrerá em 31 de março de 1492, porém não será publicado até abril do mesmo ano. Nesse ínterim, os judeus influentes no Reino aproveitaram para mover suas peças e tentaram anular o edito. Nessas tentativas, participará principalmente Isaac Abravanel, ainda que em vão. Conta-se que Tomás de Torquemada, o primeiro Inquisidor Geral, entrou na residência de verão onde os Reis Católicos estavam recebendo os líderes da comunidade judia, carregando um crucifixo e bradando: 

“Judas Iscariotes traiu a Cristo por trinta denários, vós quereis agora vendê-lo por trinta mil. Aqui está o Cristo, tomai-o e vendei-o”.

Isaac Abravanel abandonou a Espanha com sua família em julho de 1492, mas não sem antes tentativas de convertê-lo e batizá-lo por meio de pressões.
A saga dos Abravanels gerou muitos episódios que haveriam de consagrar a fama desta família, principalmente dos três filhos de Isaac Abravanel: Judas, Isaac e Samuel.
Especialmente um de seus descendentes, Jonas Abravanel, traduzirá os Salmos para o castelhano em Amsterdã em 1650.

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares

sábado, 21 de janeiro de 2012

Série: Biografia de Grandes Tradutores da Bíblia



É com grande satisfação que compartilho com você amado leitor deste blog uma série de biografias de tradutores da Bíblia que tocaram e contribuíram com meu chamado ministerial. Agradeço a Promotoria Espanhola de Linguística – Proel, na pessoa do missionário Wenceslao Calvo, por intermediar esse processo pela autorização da tradução e uso de seu material sobre tradutores da Bíblia – o mesmo sempre virá com ressalvas de que o texto original pertence a tal Instituição. As demais fontes de pesquisa serão sempre citadas conforme você, leitor, tem percebidos nas demais postagens aqui apresentadas. Encerrando essa brevíssima introdução, deixou-os com o comentário de Luis de León, tradutor espanhol do século16:

 É notória que as Escrituras que chamamos sagradas foram inspiradas por Deus e escritas pelos profetas, para que fossem para nós consolo nos trabalhos da vida, clara e fiel luz nas trevas e erros, e, nas chagas que fazem a paixão e o pecado em nossas almas, como geralmente acontece, tivéssemos para cada uma delas adequado e saudável remédio.
E porque as escreveu para essa finalidade, que é universal, também é conhecido que Ele pretendia ser seu uso acessível a todos. Deus fez de todos os modos com que sua mensagem fosse transmitida com palavras claras e na língua que era comum aos que primeiramente confiou a citada mensagem.
Em seguida, aqueles que a receberam também a comunicaram a outros povos, isto é, a mensagem do verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo. Deus fez com que ela fosse escrita em muitas línguas e, em quase, todas as que, na época, eram as mais conhecidas, abrangentes e comuns, a fim de que essa mesma palavra fosse desfrutada comumente por todos.

 (Dos nomes de Cristo, Frei Luis de León, século XVI)

Traduzida por Marcos Paulo da Silva Soares – em 18 de janeiro de 2012.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Como devo orar pelos missionários? - Parte I


           Devemos orar para que portas sejam abertas para os missionários. Mas O que são essas portas abertas? Deixemos Paulo nos orienta nessa resposta:

“Perseverai na oração, velando nela com ações de graças, orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus nos abra uma porta à palavra, a fim de falarmos o mistério de Cristo, pelo qual também estou preso [...]” – Colossenses 4:2,3

O que são portas abertas? São boas oportunidades segundo o olhar de Deus para pregarmos o evangelho. Digo segundo o olhar de Deus, porque nem sempre o que pensamos que dará livre curso à pregação do evangelho é o que Deus pensar. Os planos humanos não são garantia de que os missionários terão acessos às nações. Portas abertas que dizer que os corações das pessoas estejam atentos e receptivos à verdade de Deus.
Há várias dificuldades à realização da obra. Porém, apenas duas fontes de onde elas podem surgir: Satanás e... Deus! Quero começar explicando porque disse que Deus pode pôr obstáculos aos pregadores:
1. Nem todo plano de evangelização por mais bem intencionado que seja necessariamente é o plano escolhido por Deus. Por duas vezes, Paulo com sua equipe experimentou isso:

E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia; defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu – Atos 16:6,7.  

Portas abertas quer dizer também ter discernimento para entender a vontade de Deus para a obra que realizamos.
2.  Permitir dificuldades aos pregadores cria o ambiente certo para que eles desenvolvam o caráter que honra a Deus e que é necessário ao campo missionário onde Deus quer que eles estejam. É Paulo que novamente nos ensina o agir de Deus:

E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado – Romanos 5:3-5.

Ter “Portas abertas” gera oportunidade para o crescimento do obreiro cristão.
Quando falamos em oposição à Obra de Deus, é claro que estamos quase que automaticamente nos referindo a Satanás. Paulo sobre isso declara:

pelo que quisemos ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, as duas, e Satanás nos impediu - 1Ts 2:18.

É o inimigo de nossas almas que:
1.       Deseja nos pôr à prova para nos derrubar.
Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos - Lc 22:31-32 (ARC).

2.       Rouba a mensagem semeada no coração.

e ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. [...] A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o Maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho – Mt 13:4,19.

3.       Cega o entendimento.

nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus – 2 Co 4:4

Veja por que é importante que oremos para que porta sejam abertas para os missionários. Não é que nossas palavras sozinhas tenham poder, mas por que então devemos orar? John Piper responde-nos:

E é ainda mais impressionante saber que, para o cumprimento de seus planos, ele ordena que lhe peçamos para realizá-los. [...] Deus ama abençoar o seu povo. E ama ainda quando seus feitos são resposta de oração. [...] Nada poderia exaltá-lo mais que o desmoronamento da autoconfiança resultante do clamor fervoroso por socorro. [...] A oração é a tradução de milhares de palavras diferentes de uma única frase: “Pois sem mim vocês nada podem fazer coisa alguma” (João 15:5) (PIPER, John. Irmãos, nós não somos profissionais. São Paulo: Shedd Publicações, 2009. p. 69,71).

Você quer reservar um tempo para orar agora? Lembre-se de perseverar na oração é um compromisso de dedicação! Apresente a nosso Deus os seguintes pedidos por missões:

·             Que Deus abra portas de ministérios, abençoando parcerias e amizade.
·   Que os missionários sejam dirigidos pelo Espírito Santo e reconheçam oportunidades dadas por Deus.
·             Que Deus lidere seu povo a transpor as barreiras dos corações, preparando-os para receber Sua Palavra.

Adaptado e ampliado de Como Orar pelos Missionários.
Folheto de divulgação da Associação Linguística Evangélica Missionária. www.missaoalem.org.br.

Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia

Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblia...