Os Abravanels foram uma antiga
família judia de Sevilha que no início das perseguições em 1391 tiveram que emigrar
para Portugal. Em anos posteriores (1483) a família Abravanel teve que cruzar a
fronteira novamente, mas em sentido oposto. O patriarca da família, Isaac
Abravanel, era um homem de grande erudição e um sábio estudioso do Talmude. Ele
escreveu comentários aos livros dos profetas e sobre os livros de Josué, Juízes
e Samuel. Todos eles escritos em língua hebraica.
Durante certo tempo viveu em Castela,
na zona de Plasencia, isto é, próximo da fronteira com Portugal. Mesmo assim em
documentos de 1488 aparece como vizinho de Alcalá de Henares e, em 1491, como vizinho
de Guadalajara.
Homem muito rico, sua atividade centraliza-se
no arrecadamento de impostos e no empréstimo com juros. De fato, foi ele quem
financiou a guerra que os Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de
Aragão, sustentaram contra o último reduto muçulmano em Granada e que, paradoxalmente,
decretará também o fim da estada judia na Espanha.
É verdade que o edito de expulsão
ocorrerá em 31 de março de 1492, porém não será publicado até abril do mesmo
ano. Nesse ínterim, os judeus influentes no Reino aproveitaram para mover suas
peças e tentaram anular o edito. Nessas tentativas, participará principalmente
Isaac Abravanel, ainda que em vão. Conta-se que Tomás de Torquemada, o primeiro
Inquisidor Geral, entrou na residência de verão onde os Reis Católicos estavam
recebendo os líderes da comunidade judia, carregando um crucifixo e bradando:
“Judas Iscariotes traiu a Cristo por trinta denários, vós quereis agora
vendê-lo por trinta mil. Aqui está o Cristo, tomai-o e vendei-o”.
Isaac Abravanel abandonou a
Espanha com sua família em julho de 1492, mas não sem antes tentativas de
convertê-lo e batizá-lo por meio de pressões.
A saga dos Abravanels gerou muitos
episódios que haveriam de consagrar a fama desta família, principalmente dos
três filhos de Isaac Abravanel: Judas, Isaac e Samuel.
Especialmente um de seus
descendentes, Jonas Abravanel, traduzirá os Salmos para o castelhano em Amsterdã
em 1650.
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