terça-feira, 15 de maio de 2012

Tradutores da Bíblia: Jeroni Conques (1518-?)

Jeroni Conques fez parte do pequeno grupo de pessoas que simpatizaram durante o século XVI com a Reforma na cidade de Valência (Espanha). Pertencia a uma família de comerciantes e estudou Gramática, Retórica, Línguas, Dialética, Teologia Escolástica, Matemática, Astronomia, Cosmografia e Medicina. Tudo isso na Universidade de Valência. Era um homem, portanto, com uma profunda sede de conhecimento e que teve alguns dos melhores professores da época. Foi consagrado às ordens menores e passou a receber uma  prebenda (salário) na catedral de Valência.

Começou uma amizade com Gaspar Centelles e com o sardo Sigismondo Arquer, os quais haveriam de morrer pelas mãos da Inquisição. Conques converteu-se por intermédio de Centelles, que se encontrava em Pedralba, com o objetivo de conseguir-lhe livros de autores erasmistas ou reformistas que já estavam  postos no índice de livros proibidos. Sua amizade com Centelles será uma das causas por que seu nome incluído nas acusações de sue processo inquisitório. Uma das obrigações de todo católico, na época, era denunciar ao Santo Ofício qualquer suspeita sobre toda pessoa com indícios de heresia e entregar todos os livros que pudessem estar contaminados com a mesma.

Não obstante, Conques já ponderava ideias erasmistas, como é descrito em uma cena ocorrida em um domingo de janeiro de 1556, quando se encontra no coro da catedral, ao lado de um cônego e quatro mestres de Teologia. Estes criticavam o sermão, pois o pregador não havia combinado o sermão com a leitura litúrgica do dia. Sua resposta para tal atitude foi:


"Valha-me, Jesus Cristo, Vossas Reverências estão escandalizados pelo sermão não seguir a passagem do evangelho hoje utilizada no canto da Igreja, e não se escandalizam por causas das fábulas e contos que diariamente no púlpito".


Conques fez uma tradução do livro de Jó para o valenciano. Essa obra associada a suas opiniões perigosas e amizades heréticas lhe colocaram como suspeito no processo inquisitório durantes os anos de 1563-1564. Esteve dezoito meses na prisão e foi condenado a abjurar veementemente em um auto de fé "descalço, sem chapéu, com uma corda ao pescoço e uma vela verde na mão". Depois de três anos de reclusão no convento agostiniano de Nossa Senhora do Soto, fazendo penitência e não lendo nada mais que seu livro breviário e uma Bíblia, passava o tempo rezando a cada dia as três partes do rosário de Nossa Senhora, ou seja, cento e cinquenta  Ave-Marias e quinze Pai-Nosso. Foi posto em liberdade, depois de havê-la solicitado, no dia 23 de setembro de 1566.

Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=traductores/conques
Acesso em 15 de fevereiro de 2012.
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares.
Usado com permissão.

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