terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tradutores da Bíblia: Jachiam [Jacob] Bifrun (1506-1572?)


Jachiam Bifrun (cujo sobrenome também é escrito como Bivrun, em latim Biveronius e italiano Beveroni, Biveroni) nasceu em Samedan, no dia 8 de abril de 1506, quanto ao ano de sua morte há dúvidas sobre quando ocorreu. Bifrun foi um dos mais ativos divulgadores da Reforma em Engadina. É de sua autoria a tradução do Novo Testamento para o romanche,[1] publicada em 1560.
O trabalho de Bifrun tem enorme importância cultural e linguística para o romanche (engadino), pois seu empenho criou a escrita para uma língua de uso popular e ágrafa,[2] capaz de expressar com elegância os conceitos evangélicos. Pode-se dizer que o Novo Testamento de Bifrun teve para o romanche a mesma importância linguística que a Bíblia de Lutero para o alemão.
Para sua obra, Bifrun utilizou o Novo Testamento latino de Erasmo de Roterdã, usando o texto alemão de Lutero e uma tradução protestante italiana. Bifrun tinha consciência das grandes dificuldades que o esperavam. Em seu prefácio (primeiro exemplo de prosa engadina original), ele se defendia das acusações que poderiam surgir por haver ousado escrever em uma língua carente de tradição literária. Alguns de seus contemporâneos pensavam:

“che nu saia pussibel da scriuer indret l'g Arumauntsh, per che schji füs sto pussibel dalg scriuer, schi l'g hauesser êr nos ujiilgs, quaels chi sun stos sappiains, scrit”.

Porém, ele respondia que se era possível escrever em francés e alemão, também era possível escrever em romanche e

“otêrs languax quaels chi sun plü grêfs e plü fadius sco l'g nos”.

Reconhecia a dificuldade de não existir modelos que para seguir,

“"per che eau nun hae pudieu havair, üngiüns cudesths (= libros) ne chiartas chi saien stôs stampôs ne scrits aquidauaununt in nos lanuguaick, ne êr alchiün chim hegia sauieu intraguider...”

Abaixo, é possível ler um fragmento da tradução de Bifrun do evangelho de João 14:1-8:

“Et dis a ses discipuls: Vos cour nu s'daia conturblêr. Vus craiaias in dieu, craiè er in me. In la chiesa da mes bab sun bgierras maschuns. Che schi füs otergin schi haues eau dit a uus, eau uing à parderschèr à uus ün loe. Mu scheau min uing â parderschèr à uus un loe, schi tuorn eau darchio à prender uus tiers mè, che innua ch'eau uing, uus sappias, el sappias la uia. Thomas dis agli: Signer nus nu sauain innua che tü unes, et co pudains sauair la uia? Iesus dis agli: Eau sun la via, et la uardaet, et la uitta. Vngiün nu uain tiers l'g bab, upoeia cha saia três mè. Schi uus hauesses cunschieu me, schi hauesses schert cunscjieu er mês bab. Et huossa cunschais el, et hauais uis aquèl. Philippus dis agli: Signer amuossa a nus l'g bab schi hauains auuonda”.


João 3:16 em Alto Engadino


João 3:16 em Baixo Engadino

A língua romanche (ladina é outro título para a mesma, mas não confunda com o dialeto judeu-espanhol, denominado ladino) é uma língua romance minoritária falada nos cantões suíços e na Itália setentrional. Ele ocorre em dois dialetos: sobresselvano e engadino.[3]

FONTE:
Acesso em 21 de janeiro de 2012, às 16 horas
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão.


[1] Também chamado apenas de reto-romanche ou rético. É falado no cantão suíço de Grisões. Daí ser também chamado de engadino, grishum ou grisão. É uma língua derivada do latim assim como o português [N. do Trad.].
[2] Língua apenas falada, ou seja, não existe na forma escrita [N. do Trad.].
[3] Outros autores apresentam divisão diferente dos dialetos: Baixo Engadino (Vallader), Alto Engadino (Puter), Sobremirano (Surmiran), Subselvano (Sutsilvan) e Sobresselvano (Sursilvan [N. do Trad.].

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