Jachiam Bifrun (cujo sobrenome também é escrito
como Bivrun, em latim Biveronius e italiano Beveroni, Biveroni) nasceu em
Samedan, no dia 8 de abril de 1506, quanto ao ano de sua morte há dúvidas sobre
quando ocorreu. Bifrun foi um dos mais ativos divulgadores da Reforma em
Engadina. É de sua autoria a tradução do Novo Testamento para o romanche,[1]
publicada em 1560.
O trabalho de Bifrun tem enorme importância cultural
e linguística para o romanche (engadino), pois seu empenho criou a escrita para
uma língua de uso popular e ágrafa,[2]
capaz de expressar com elegância os conceitos evangélicos. Pode-se dizer que o
Novo Testamento de Bifrun teve para o romanche a mesma importância linguística
que a Bíblia de Lutero para o alemão.
Para sua obra, Bifrun utilizou o Novo Testamento
latino de Erasmo de Roterdã, usando o texto alemão de Lutero e uma tradução
protestante italiana. Bifrun tinha consciência das grandes dificuldades que o esperavam.
Em seu prefácio (primeiro exemplo de prosa engadina original), ele se defendia
das acusações que poderiam surgir por haver ousado escrever em uma língua
carente de tradição literária. Alguns de seus contemporâneos pensavam:
“che
nu saia pussibel da scriuer indret l'g Arumauntsh, per che schji füs sto
pussibel dalg scriuer, schi l'g hauesser êr nos ujiilgs, quaels chi sun stos
sappiains, scrit”.
Porém, ele respondia que se era possível escrever em
francés e alemão, também era possível escrever em romanche e
“otêrs languax quaels chi sun plü grêfs e plü
fadius sco l'g nos”.
Reconhecia a dificuldade de não existir modelos que
para seguir,
“"per che eau nun hae pudieu havair,
üngiüns cudesths (= libros) ne chiartas chi saien stôs stampôs ne scrits
aquidauaununt in nos lanuguaick, ne êr alchiün chim hegia sauieu intraguider...”
Abaixo, é possível ler um fragmento da tradução de
Bifrun do evangelho de João 14:1-8:
“Et
dis a ses discipuls: Vos cour nu s'daia conturblêr. Vus craiaias in dieu, craiè er in me. In la chiesa
da mes bab sun bgierras maschuns. Che schi füs otergin schi haues eau dit a
uus, eau uing à parderschèr à uus ün loe. Mu scheau min uing â parderschèr à
uus un loe, schi tuorn eau darchio à prender uus tiers mè, che innua ch'eau
uing, uus sappias, el sappias la uia. Thomas dis agli: Signer nus nu sauain
innua che tü unes, et co pudains sauair la uia? Iesus dis agli: Eau sun la via,
et la uardaet, et la uitta. Vngiün nu uain tiers l'g bab, upoeia cha saia três
mè. Schi uus hauesses cunschieu me, schi hauesses schert cunscjieu er mês bab.
Et huossa cunschais el, et hauais uis aquèl. Philippus dis agli: Signer amuossa
a nus l'g bab schi hauains auuonda”.
João 3:16 em Alto Engadino
João 3:16 em Baixo Engadino
A língua romanche (ladina é outro título para a mesma,
mas não confunda com o dialeto judeu-espanhol, denominado ladino) é uma língua
romance minoritária falada nos cantões suíços e na Itália setentrional. Ele ocorre
em dois dialetos: sobresselvano e engadino.[3]
FONTE:
Acesso
em 21 de janeiro de 2012, às 16 horas
Traduzido
por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado
com permissão.
[1] Também
chamado apenas de reto-romanche ou rético. É falado no cantão suíço de
Grisões. Daí ser também chamado de engadino, grishum ou grisão. É uma
língua derivada do latim assim como o português [N. do Trad.].
[3] Outros autores apresentam divisão diferente dos dialetos: Baixo Engadino (Vallader), Alto Engadino (Puter), Sobremirano (Surmiran), Subselvano (Sutsilvan) e Sobresselvano (Sursilvan [N. do Trad.].
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