quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tradutores da Bíblia: Benito Arias Montano (1527-1598)



Benito Arias Montano, nascido em Fregenal de la Sierra (Extremadura, Espanha) em 1527 e morto em Sevilha em 1598, foi um dos hebraístas[1] mais destacados de seu tempo. Realizou seus estudos de linguística, gramática, retórica e filosofia em Sevilha, complementando-os mais tarde na Universidade de Alcalá de Henares, onde em 1548 recebeu o título de Bacharel em Artes, tornando-se, em 1552, o primeiro poeta laureado por tal Universidade.
Assistiu ao Concílio de Trento e, após sua volta para a Espanha, retirou-se para a Serra de Aracena (Huelva). Permaneceu lá até o dia em que haveria de ser convidado pelo rei Felipe II para ser professor de línguas orientais no monastério de El Escorial e o responsável por sua extraordinária biblioteca. Na referida biblioteca, deixaria marcas de seu profundo conhecimento. Esse fato foi confirmado seu sucessor e pupilo à frente da mesma biblioteca, frei José de Sigüenza, que o admirava bastante.
Sendo o capelão de Felipe II, venho a ser a pessoa responsável por influenciar o ânimo do rei para apadrinhar o empreendimento da Bíblia Poliglota de Amberes[2], monumental trabalho que rivalizaria com a Bíblia Poliglota Complutense, obra realizada décadas antes pelo Cardeal Cisneros. Naturalmente a Bíblia Régia, apelido que ganharia a Poliglota de Amberes, não era uma simples reedição da Complutense, mas era uma obra que possuía importantes inovações, tais como o Novo Testamento em caracteres siríacos e hebraicos. Além disso, ela incluía a tradução latina de Sanctes Pagnino a qual acrescentava a Vulgata latina. Arias Montano revisou a tradução de Pagnino e adicionou outro volume, na qual o mesmo dissertava sobre a geografia bíblica, os pesos e medidas hebraicos, a disposição do templo, as vestes dos sacerdotes e a interpretação da língua hebraica.
Tudo isto fez com que Arias Montano e sua Bíblia fossem atacados e considerados suspeitos pelo Tribunal da Inquisição que olhava para sua tradução como um atentado contra a Vulgata, além de ser uma obra recheada de rabinismo.[3] Arias Montano havia atrevido-se a mostrar que o texto hebraico contrapõe-se ao da Vulgata, além de ter dado excessiva autoridade às paráfrases aramaicas. Podemos ver nisso um eco do que aconteceu com frei Luís de León. As semelhanças vão tão longe que até mesmo um dos acusadores de Arias Montano, León de Castro, foi o mesmo que também atacara ao frei Luis. No final desse processo, tanto Arias Montano como a Poliglota de Amberes saíram ilesos e nessa mesma cidade, Amberes, sua obra magistral foi impressa em 1572.
Outras obras de Arias Montano foram: Antiguidades Judaicas (1593), obra composta de 9 tomos na qual trata dos nomes próprios e comuns caldeus, hebraicos, gregos e latinos que ocorrem na Bíblia, Retórica (1569), Salmos de Davi e outros profetas (1571) - obra escrita em versos latinos. Também escreveu uma História Natural (1601) e Cartas.
Rejeitando o cargo de bispo e outras honras eclesiásticas que o rei lhe oferecera, retirou-se para Sevilha onde, cansado e doente, faleceu.


Traduzido Por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão


[1] Pessoa dedicada ao estudo da língua hebraica.
[2] Amberes é o nome de uma cidade da Holanda, que na época pertencia ao Império Espanhol.
[3] Doutrina e estudo dos escritos dos rabinos.

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