Benito Arias Montano,
nascido em Fregenal de la Sierra (Extremadura, Espanha) em 1527 e morto em Sevilha em
1598, foi um dos hebraístas[1]
mais destacados de seu tempo. Realizou seus estudos de linguística, gramática,
retórica e filosofia em Sevilha, complementando-os mais tarde na Universidade
de Alcalá de Henares, onde em 1548 recebeu o título de Bacharel em Artes, tornando-se,
em 1552, o primeiro poeta laureado por tal Universidade.
Assistiu ao Concílio
de Trento e, após sua volta para a Espanha, retirou-se para a Serra de Aracena
(Huelva). Permaneceu lá até o dia em que haveria de ser convidado pelo rei
Felipe II para ser professor de línguas orientais no monastério de El Escorial e
o responsável por sua extraordinária biblioteca. Na referida biblioteca,
deixaria marcas de seu profundo conhecimento. Esse fato foi confirmado seu sucessor
e pupilo à frente da mesma biblioteca, frei
José de Sigüenza, que o admirava bastante.
Sendo o capelão de
Felipe II, venho a ser a pessoa responsável por influenciar o ânimo do rei para
apadrinhar o empreendimento da Bíblia Poliglota de Amberes[2],
monumental trabalho que rivalizaria com a Bíblia Poliglota Complutense, obra realizada décadas antes pelo Cardeal
Cisneros. Naturalmente a Bíblia
Régia, apelido que ganharia a Poliglota de Amberes, não era uma
simples reedição da Complutense, mas era uma obra que possuía importantes inovações,
tais como o Novo Testamento em caracteres siríacos e hebraicos. Além disso, ela incluía a
tradução latina de Sanctes Pagnino a
qual acrescentava a Vulgata latina.
Arias Montano revisou a tradução de Pagnino e adicionou outro volume, na qual o
mesmo dissertava sobre a geografia bíblica, os pesos e medidas hebraicos, a
disposição do templo, as vestes dos sacerdotes e a interpretação da língua hebraica.
Tudo isto fez com que
Arias Montano e sua Bíblia fossem atacados e considerados suspeitos pelo Tribunal
da Inquisição que olhava para sua tradução como um atentado contra a Vulgata, além de ser uma obra recheada de rabinismo.[3]
Arias Montano havia atrevido-se a mostrar que o texto hebraico contrapõe-se ao
da Vulgata, além de ter dado excessiva autoridade às paráfrases
aramaicas. Podemos ver nisso um eco do que aconteceu com frei Luís de León. As semelhanças
vão tão longe que até mesmo um dos acusadores de Arias Montano, León de Castro,
foi o mesmo que também atacara ao frei Luis. No final desse processo, tanto
Arias Montano como a Poliglota
de Amberes saíram ilesos e nessa
mesma cidade, Amberes, sua obra magistral foi impressa em 1572.
Outras obras de Arias
Montano foram: Antiguidades Judaicas (1593),
obra composta de 9 tomos na qual trata dos nomes próprios e comuns caldeus,
hebraicos, gregos e latinos que ocorrem na Bíblia, Retórica (1569), Salmos de Davi e outros profetas (1571) - obra escrita em versos
latinos. Também escreveu uma História Natural (1601) e Cartas.
Rejeitando o cargo de
bispo e outras honras eclesiásticas que o rei lhe oferecera, retirou-se para Sevilha
onde, cansado e doente, faleceu.
Traduzido
Por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado
com permissão
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