domingo, 30 de dezembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Hermán, o Alemão (? - 1271 aprox.)

Hermán, o Alemão,[i] foi um dos integrantes da famosíssima Escola de Tradutores de Toledo, instituição medieval que exerceu grande influência na cultura científico-filosófica da época.

Trabalhando em Toledo, traduziu várias obras de Aristóteles, com a ajuda de moçárabes[ii] ou mudéjares,[iii] como por exemplo: Ética a Nicômaco (1240), incluindo um resumo dessa obra (1243-44) e um comentário à Poética, do mesmo autor. Traduziu também a Retórica de Averróis[iv].
Averróis ao centro
Detalhe da Pintura A Escola de Atenas,
de Rafael (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Averroes_closeup.jpg)


Uma das traduções mais antigas para o espanhol de uma obra bíblica é encontrada em um manuscrito aragonês i. j, 8 na Biblioteca de El Escorial, em Madrid. Os Salmos nesse manuscrito são identificados como a obra "que fizo Herman el Aleman, segund cuemo esta en el ebraygo."[v] Essa tradução foi feita a partir do hebraico. Tornou-se bispo de Astorga (Espanha) em 1266, permanecendo nesse cargo até sua morte, em 1271.


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=traductores/aleman
Acesso em 30 de dezembro de 2012, às 14:00
Usado com permissão



[i] Não confundir com seu homônimo e contemporâneo, Hermán, o Dálmata.
[ii] (Do árabeمستعرب,  must’aribarabizado) Cristãos da península Ibérica, de língua árabe, que conservaram sua religião sob a dominação muçulmana; Também nomeia um grupo de dialetos românicos falados pelos moçárabes (Fonte: Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa).
[iii] Deriva da palavra em árabe:مدجّن [mudaǧǧan] que significa "doméstico" ou "domesticado" (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mud%C3%A9jar, acesso 30 dez. 2012).
[iv]  Abu al-Walid Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Rushd, em árabe أبو الوليد محمد بن احمد بن محمد بن احمد بن احمد بن رشد, (Córdoba, 1126 — Marrraquexe, 1198) foi um filósofo, médico e polímata (ou seja, alguém com conhecimento não restrito a uma única área) muçulmano andaluz conhecido pelo nome de Averróis, distorção latina do antropônimo árabe (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Averr%C3%B3is, acesso 30 dez. 2012).
[v] Algo como: “feita por Hermán, o Alemão, como entendido entre nós” (N. do Tradutor).

sábado, 29 de dezembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Frumêncio (300-380)

A ANTIGA ETIÓPIA

Mais ou menos, nos mesmos séculos que florescia o Império Romano no Mar Mediterrâneo, o leste da África e o sul da Árabia eram dominadas pela cidade de Axum - o que hoje é a província de Tigré na Etiópía. Sob o domínio de Axum, que incluía a cidade de Sabá, mencionada na Bíblia, vivia uma considerável população judia e numerosos prosélitos do judaísmo.


PRINCÍPIOS DO CRISTIANISMO

O Cristianismo foi introduzido nesta região em tempos imemoriáveis, como indica o testemunho da conversão do tesoureiro da rainha Candace (Atos 8:26-40). As primeiras igrejas axumitas parecem estar desconectadas completamente do mundo helenístico. De fato, a tradição etíope as menciona apenas como sinagogas compostas de "judeus messiânicos".

Porém no século IV ocorre um importante intercâmbio nessas comunidades que começam a adorar segundo "a maneira romana" (como destaca Teodoreto). O responsável por isso, não é outro senão "Abba Salama", isto é, Frumêncio de Tiro (300-380) em ge'ez, a língua etíope, é ፍሬምናጦስ frēmnāṭōs).


OS ESTRANHOS CAMINHOS DE DEUS

Quando era jovem, seu tutor, o filósofo Merópio, o levou a uma viagem educacional por diversos países ao redor do Oceano Índico. Na costa da Somália, foram assaltados por nativos que assassinaram a Merópio e escravizaram a Frumêncio. Pouco depois, estava servindo na corte real de Axum como propriedade de um judeu pró-cristão chamado Anbaram.

Com o tempo, a posição de Frumêncio foi melhorando até tornar-se um alto funcionário com muita influência na corte. Aproveitou isso para animar aos comerciantes vindos do Império Romano a construírem uma capela no estilo romano em Axum. Em seguida, obteve permissão real para mudar-se para Alexandria a fim de preparar-se como presbítero.

A tradição etíope afirma que Frumêncio participou do Concílio de Niceia como ajudante do patriarca Alexandre, ainda que tal fato não seja mencionado por Rufino nem por qualquer outro pai grego. Uma coisa inquestionável é foi não somente ordenado presbítero, mas também chegou a ser bispo ordenado por Atanásio de Alexandria.


EXTENSÃO DO CRISTIANISMO

De volta à Etiópia, batizou a Anbaram, dando-lhe o nome de Hezbe Kades e o ordenou como sacerdote ortodoxo. Juntos assumiram a tarefa de regularizar canonicamente o cristianismo axumita segundo o modelo egípcio da igreja alexandrina e para isso viajaram até o Iêmen e Núbia. Frumêncio também batizou a Ezana e a Sheazana, os irmãos reis de Axum, e deu-lhes novos nomes: Abrecha (Fazedor da Luz) e Asbeha (Destruidor das Trevas).


TRADUÇÃO DA BÍBLIA
Devido a sua íntima associação com Atanásio, a igreja da Etiópia manteve-se fiel à fé nicena, apesar das tentativas arianas para conduzir-la a seu redil. Contudo, sua fama deve-se mais a dois fatos: (1) a adaptação da língua, o ge'ez, a única língua semítica que grafa as vogais como letra e não como sinal diacrítico e (2) a tradução da Bíblia para essa língua.



João 3:16 na escrita e língua amhárica

Este feito dotou a igreja etíope de uma personalidade própria e dando-lhe um veículo para a construção literária, cultural e espiritual etíope.


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=traductores/frumenci
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:58
Usado com permissão

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Michal Frencel (1628-1706)

Michal Frencel, servo-lusaciano de nascimento, dedicou sua vida ao desenvolvimento e à preservação de sua identidade nacional e cultural.

Considerado por alguns como um dos primeiros divulgadores do Pan-Eslavismo, pois enviou uma carta ao czar Pedro I, o Grande, onde enfatizava a irmandade e a origem comum dos povos eslavos.

Traduziu o Novo Testamento para o lusaciano (em sua língua essa tradução ficou conhecida como Das Neue Testament unseres Herrn Jesu Christi). Essa obra foi publicada em 1706. Esta tradução tornou-se o marco literário da língua alto-lusaciana.

Frontipíscio do Novo Testamento em Lusaciano,
traduzido por Michal Frencel
(fonte: http://de.wikipedia.org/w/index.php?title=Datei:Novum_testamentum_(Serbski).jpg&filetimestamp=20061027154715)
Fez uma tradução dos Salmos de Davi, também publicada em 1706, que recebeu o título Psalter des Königl. Propheten Dadids.

Estudou teologia em Reissen e Lepizig e foi ordenado pastor em 1662. Seu filho Abraão chegou a ser um dos maiores linguistas de seu tempo, dominando as línguas eslavas e algumas nórdicas. Entre suas obras destacam-se História da Nação e Costumes dos Alto-lusacianos (Historia populi et rituum Lusatiae Superioris) e Sobre a Origem do Idioma Lusaciano (De originibus linguae Sorabicae).


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:47
Usado com permissão

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Frei Luís de Granada (1504-1588)

O Frei Luís de Granada, à semelhança de outros personagens, desejava ver associado o nome da cidade em que nascera ao seu próprio nome. Em Granada, seu nome era associado a  fama que conquistara como eloquente pregador. Esteve nessa cidade, durante vários anos, no convento de Santa Cruz. foi pároco do convento Scala-Coeli, na cordilheira de Córdoba.

Luís de Granada ingressou na ordem dominicana aos 20 anos e foi aluno dos melhores professores de teologia de seu tempo como Melchor Cano e Bartolomeu de Carranza.

Com este último, teve uma grande amizade a tal ponto de tornar-se, talvez, um dos motivos diante da Inquisição. Carranza, primado da Espanha, foi implacavelmente perseguido pelo Santo Ofício.


Além disso, há em suas obras um inquestionável influência erasmiana, o que o tornava suspeito de heresia. Veja trechos de sua autoria:

Aquela  lei  exigia do homem o ser bom. 
No entanto, não lhe concedia forças para realizar tal obra.
Mas, esta  exigir-lhe o mesmo e concede-te a graça para isso.
Por isso, chama-se Lei da Graça.
Aquela exigia luta, mas não concedia as armas,
exigia subir ao céu, e nada oferecia para tal escalada,
exigia dos homens a espiritualidade, mas não lhe concedia o Espírito Santo
para que fossem.
Agora, isso é diferente, aquele estado acabou 
e nos encontramos em outro, tão diferente pelos méritos e sangue de Cristo.

Outro trecho de Carranza (Veja um retrato do mesmo ao lado) diz:

A graça é a maior de todas as dádivas que Deus poderia conceder
a uma pura criatura nesta vida.
Nada mais poderia fazer do homem filho de Deus 
a não ser um poder sobrenatural.
Ser co-herdeiro e participante da natureza divina.

Em 1547, redigiu sua notável obra Guia de Pecadores, para a qual utiliza como base um tratado escrito por nada mais, nada menos, que Jerônimo Savonarola. Prepara também uma recopilação do Novo Testamento contendo o Sermão do Monte, três capítulos do evangelho de João e uma paráfrase das cartas de Paulo Tudo escrito em castelhano.

Outra grande influência sobre o frei Luís foi o místico João de Ávila, o que fez aumentar as suspeitas da Inquisição sobre ele. De fato, ele deve que fugir para Portugal a fim de fugir da ação dos inquisitores. O sofrimento marcou seus últimos anos. O incidente do Suceso de la monja de Portugal aumentou sua angústia, uma vez que defendera a tal monja iluminada, visto que posteriormente tal fato foi comprovado como fraude.

Morreu aos 84 anos no exílio.

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=traductores/granada
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 01:00
Usado com permissão

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Odd Gottskalkson (Século XVII)

Durante o período da Reforma, a Islândia teve o Novo Testamento traduzido para a língua de seu povo, o islandês. O autor por trás dessa realização foi Odd Gottskalkson, um islandês de ascendência norueguesa. Esta obra foi publicada em 1540, em Roskilde.


João 1:1-8 em islandês

A partir do trabalho de Gottskalkson, Guðbrand Þorlakson traduziu posteriormente a toda a Bíblia para o islandês.

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:57
Usado com permissão

domingo, 9 de setembro de 2012

Tradutores da Bíblia: Waldo de Freising (Século IX)

Conforme o testemunho de Renano, Waldo, que foi bispo de Freising, Alemanha, entre 884 d.C. e 906 d.C., traduziu os evangelhos para o alemão no século IX. Existem alguns manuscritos dessa tradução procedentes do século XII e demonstram como os acentos eram usados muito antes, na escola de Notker Balbulus.

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:47
Usado com permissão

Tradutores da Bíblia: Andrés Flores (Século XVI)

Andrés Flores, natural de Andaluzia (Espanha), foi pregador no tempo do imperador Carlos V, de que obteve permissão para escrever em língua romance. Um de seus livros é De Doctrina Cristiana (Sobre a Doutrina Cristã), de 1552. Sua obra de tradução tem o título de Sumo de toda a Escritura Sagrada em verso heroico* castelhano.

*Verso decassílabo, onde as sílabas tônicas se encontram na 6a. e 10a. sílabas do verso, podendo também ocorre sílabas subtônicas nas sílabas 2 e/ou 4 (N. do tradutor).

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=traductores/flores
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:42
Usado com permissão

Tradutores da Bíblia: Francisco Foreiro (1510-1581)


Francisco Foreiro viveu ao redor dos acontecimentos do Concílio de Trento, no qual participou como delegado do rei de Portugal, Dom Sebastião. Era português de nascimento e dominicano de profissão de fé, estudou artes e teologia, sendo interventor na redação das atas dogmáticas do mencionado Concílio.

Traduziu do hebraico para o latim os livros de Jó, Salmos, escritos de Salomão e dos Profetas. No entanto, estas obras não chegaram a ser editadas.

Traduziu também do hebraico para o latim, uma Vetus e Nova Ex Hebraico Versio Isaia Profeta cum Commentariis, sive in Isaiam ad Hebraicum Veritatem Comemntaria (Antiga e Nova Versão do Profeta Isaías, Traduzida do Hebraico, com Comentários, ou seja, os Comentários sobre Isaías são extraídos do sentido no Texto Hebraico).

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:42
Usado com permissão

TRADUÇÃO DA BÍBLIA: CAMPANHA MUNDIAL DE ORAÇÃO


Participe da campanha mundial de oração pela tradução da Bíblia para diferentes línguas. Serão 30 dias de orações a fim de celebrar o Dia Internacional da Tradução, comemorado em 30 de setembro.

A fim de celebrar o Dia Internacional da Tradução, comemorado em 30 de setembro, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) convida você a se unir em oração pelos projetos de tradução da Bíblia Sagrada em todo o mundo. A partir do dia 1º de setembro serão iniciados 30 dias de orações para o ministério de tradução das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU). 

Com o intuito de levar as Escrituras Sagradas traduzidas para o idioma que fala ao coração das pessoas de todas as partes do mundo, as SBU mantêm mais de 450 projetos de tradução em andamento. Para interceder por esse importante trabalho, você pode imprimir os motivos de oração dos primeiros 14 dias que estão disponíveis nesse link . Todos eles também serão postados diariamente na página da SBB no Facebook.

Acesso em 09 de setembro de 2012, às 16h02.

sábado, 25 de agosto de 2012

Tradutores da Bíblia: Filareto Drozdov (1782-1867)

Filareto Drozdov nasceu em 26 de dezembro de 1782 [ou 6 de janeiro de 1783], em Kolomna, nas proximidades de Moscou (Rússia) foi um dos mais destacados chefes espirituais da Igreja Ortodoxa Russa  no século XIX.

Seu verdadeiro nome era Vasili Mijáilovich Drozdov. No entanto, adotou o nome Filareto ao tornar-se monge em 1808. Concluiu seus estudos de teologia em 1803 para dedicar-se ao ensino de retórica, das línguas hebraica e grega. Também foi professor de filosofia e teologia na Academia Eclesiástica de São Petersburgo a partir de 1809.

Em 1812, tornou-se reitor desta instituição. Chegou a dirigir a política eclesiástica na Rússia governada pelo czar Alexandre I (foto ao lado), de quem foi conselheiro. Notável pregador e erudito bíblico, promoveu a tradução da Bíblia, até aquele momento existente somente na língua eslava eclesiástica, para o russo moderno.

Durante o reinado de Pedro, o Grande (1672-1725) percebeu-se a necesidade de traduzir a Bíblia para o russo. Para essa tarefa, nomearam o Pastor Glück* a fim de trabalhar em tal tradução, todavia Glück morreu dois anos depois sem saber o destino final de seu trabalho.A tradução teve de esperar mais de cem anos, até Filareto, para vim à luz. O evangelhos foram publicados em 1818 e o Novo Testamento inteiro em 1822. Em 1820, foi traduzido parte do Antigo Testamento e, em 1822, os Salmos. Em 1825, foi a vez do Pentateuco, Josué, Juízes e Rute serem editados.

Como arcebispo de Moscou (1821-1867), foi u influente membro do Santo Sínodo. Seu Catecismo (1823)  transformou em texto escolar. Por outra lado, preparou o esboço do manifesto de 1861, firmado pelo czar Alexandre II, através do qual se emancipavam os escravos. Foi autor de interessantes escritos como o Esclarecimento da Diferença entre as Igrejas Oriental e Ocidental, com respeito à Dogmática (1815), Compêndio da História Bíblico-Eclesiástica (1816) e Catecismo Ortodoxo. Grande popularidade obtiveram seus Slova e Reci (Palavras e Sermões, 1848).

Morreu em 19 de novembro [ou 1o. de dezembro] de 1867 em Moscou.


* Johann Ernst Glück (Wettin, 18 de Maio de 1654 - Moscou, 5 de Maio de 1705) foi um clérigo luterano da Letônia, de origem alemã, que efectuou a primeira tradução da Bíblia para o idioma letão (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Ernst_Gl%C3%BCck, acesso em 09 de setembro de 2012, às 23:02).

Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 25 de agosto de 2012, às 00:37
Usado com permissão

Tradutores da Bíblia: Bonifaci Ferrer (1350-1417)

Bonifaci Ferrer, fez seus primeiros estudos em Perusa (Itália) e logo foi estudar na Universidade de Lérida, na província de Catalunha, Espanha. Casou-se com Jaumeta Despont com quem teve onze filhos. Exerceu diversas funções oficiais como representante do município de Valência, além de ser embaixador do  Reino em certas missões delicadas.

Esta foi, precisamente, uma das causas que levaram-no ao cárcere, devido a uma denúncia,  mais tarde, que não pôde ser comprovada. Por causa disso, associado à morte de sua esposa e de nove dos seus onze filhos e à influência de seu irmão Vicente, ingressou no convento cartuxo de Porta Coeli, próximo à Valência. Conviveu com os acontecimentos do "Cisma de Ocidente",* pois manteve estreitas relações com Benedico XIII, o famoso "Papa Luna".

Ferrer foi o primeiro tradutor da Bíblia para o valeciano (Ao lado, uma página do Livro de Apocalipse nesta língua, não a da edição de Ferrer). Com a ajuda de alguns frades baseou seu trabalho inicialmente na Vulgata. Esta Bíblia foi impressa por Mossén Alfonso Fernández de Córdoba, espanhol, e Mossén Lambert Palmart, alemão, no estilo tipográfico velho romano, de fevereiro de 1477 a março de 1478, patrocinado pelo comerciante Felipe Vizlant, alemão, irmão de Jacobo Vizlant, o introdutor da imprensa em Valência, morto em 1485. O Psalterium [Os Salmos] já haviam sido impressos nesse mesmo idioma "en nombre de nuestro Senyor y de la humilde Verge María, mare sua."

Esta Biblia "foi traduzida da língua latina para nossa língua valenciana, no Convento (Cartuxo) de Porta Coeli, pelo Rev. Micer Bonifaci Ferrer (irmão de Vicente), com a ajuda de outros singulares homens da ciência".

Este é o testemunho do Pe. J. B. Civera em sua história do Monastério de Porta Coeli (em 1630): 

"Chegaram em minhas mãos quatro folhas de papel de marca maior, as quais foram enviadas por um clérigo de Valência. Ele dizia tê-las achado entre outros papéis velhos em um arquivo e eram as últimas de uma Bíblia escrita na língua valenciana, traduzida do latim por certo Padre chamado D. Bonifaci. Esta obra foi impressa em Valência no ano de 1478. Espantou-me muito quando a vi, porque ninguém a mencionou já que muitos devem ter tido conhecimento da mesma. Disseram-e semelhante coisa, uma vez que a notícia sobre a mesma, como já disse, parece novidade . Digo isso, porque na última página, vê-se a simplicidade da língua valenciana daquela época."

O manuscrito de Ferrer foi impresso em fevereiro de 1477, pouco tempo depois da invenção desse mecanismos por Gutemberg, em 1439. Um ano depois de impressa veio à luz.

Por ironia, o ano de 1478 não era o melhor momento para isso. Nos territórios de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, os Reis Católicos, têm sua petição feita ao papa Sisto IV atendida pelo mesmo: a criação de um dos meios mais poderosos para unificar política e religiosamente um Estado, a Inquisição. Imagine nesse período, publica-se uma Bíblia em uma língua vernácula!

Ainda que os decretos do Concílio de Tolosa (1229) proibissem a leitura da Bíblia nas línguas vernáculas, o fato de traduzir-se e imprimir-se uma Bíblia em valenciano demonstra que, na região valenciana, não estavam em vigor tais decretos nem as leis impostas por Jaime I de Aragão. A 3a. proibição de Tarragona (1233) não tinha alcance ali. Conforme certos autores, a Inquisição vedou ao povo esta Bíblia tendo como pretexto o seguinte:

"Porque alguns dos judeus que ficaram na Espanha, depois de serem expulsos desses Reinos cento e vinte mil, usaram essa versão da Bíblia em suas ações e cerimônias, como o modo de oferecer sacrifícios. Por isso, proibiu-se a leitura dessa versão. Os que não pertencessem ao povo judeus podiam lê-las. Os demais não poderiam fazê-lo."


De acordo com Torres Belda, o bibliotecário da Universidade de Valência, em um primeiro edito dos inquisidores, datado de 7 de novembro de 1497, em Ávila, e dirigido aos valencianos, dizia que:

"Há muitas pessoas nesses reinos que têm livros escritos em hebraico, que tocam e seguem a lei dos judeus. São conhecedores da medicina e outras ciências e artes quase bruxarias na língua do povo. Os que seguem tais coisas sofreram condenação."


Ordena-se, então, o recolhimento de livros em hebraico e de Bíblias. Como penalidade para os que desobedecessem, os que não entregassem tais obras que estivessem em seu poder para serem queimadas publicamente, estavam a excomunhão e a perda de todos os bens.

Outro edito publicado pelo inquisidor em Valência, Juan de Monastério, cônego de Burgos, em 10 de março de 1498:

"Alguns tentaram e têm procurado traduzir as Sagradas Escrituras. Mas, em nossa língua moderna, ao traduzir, alteram-se muitos vocábulos e termos que não têm equivalência exata em romance.** Deve-se recolher todos os livros hebraicos, todas as Bíblias e saltérios vertidos em língua moderna, como igualmente os escritos moriscos (muçulmanos espanhóis)."


Esta ordem provocou tantos protestos em Valência, que, em 20 de março, o próprio inquisidor mandou suspender sua aplicação pelos vigários gerais. As queixas recebidas foram levadas aos inquisidores gerais, que fizeram suspender também a execução. Porém, o exame de livros suspeitos [que provavelmente seriam queimados] e o julgamento de seus donos deviam ser submetidas a um Comitê de Doutores.

A Bíblia de Ferrer, pois, confronta-se, logo ao nascer, com uma máquina criada para aniquilar toda dissidência no campo religioso. Ela veio a ser uma das primeiras vítimas que sofrerá seus terríveis rigores - A edição inteira é aprisionada. Torna-se um precedente do que mais tarde ocorrerá em maior escala. Apesar de tudo, um exemplar foi salvo e, em Paris, encontra-se conservado os Salmos e os Evangelhos em um documento chamado "Codex de Palau".


*Nota do Tradutor: Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417, levando a transferência da sede papal de Roma para Avinhão, na França (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cisma_do_Ocidente).

** N. do Trad.: Nome dado as línguas que se derivaram do latim.

Traduzido e adaptada em português por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 10 de agosto de 2012, às 13h00
Usado como permissão

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tradutores da Bíblia: Jan Bogumił (Gottlieb) Fabricius (1681-1741)

Jan Bogumił (ou GottliebFabricius, de ascendência alemã, nasceu na Polônia em 1681. Pertencia à étnia servo-lusaciana (veja a região da Lusácia ao lado). Este povo é de origem eslava-ocidental que vivem ao leste da Alemanha. Os baixo-lusacianos radicados no norte, próximo da cidade de Cottbus, enquanto os alto-lusacianos são encontrados mais ao sul, na cidade de Bautzen. Outro nome para estes povos são sórbios o sorábios. Hoje formam uma população de aproximadamente uma cem mil pessoas.

Embora sejam numericamente uma minoria, os sórbios têm apresentado uma grande vitalidade cultural e lutam para não serem absorvidos pela cultura e língua alemãs. O primeiro documento escrito em língua lusaciana, ainda que não tenha sido possível determinar se em um estágio inferior ou superior, foram as Glosas de Magdeburgo, comentários sobre um manuscrito latino do século XII.

Porém a difusão da escrita nos idiomas sorábios está relacionada diretamente com a Reforma, pois o protestantismo tornar-se a fé majoritária desses povos, ainda que, com passar do tempo, os Habsburgos restauram o catolicismo nos territórios alto-lusacianos antes protestantes. Na Baixa Lusácia, o protestantismo conservou sua posição de prestígio.

Além de sua tradução, Fabricius trabalhou incansavelmente a fim de que o baixo-lusaciano se popularizasse. Para isso, investiu todos os seus bens nessa obra, como resultado morreu em extrema pobreza. 



                      Ao lado João 1:1-8


Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares 
Acesso em 23 de agosto de 2012, às 22:54
Usado com permissão


.

























sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Tradutores da Bíblia: James Evans (1801-1846)

O criador do silabário* cree foi o reverendo James Evans, ministro do evangelho no princípio do século XIX. Sua missão era converter o povo aborígene de Ontário, província canadense, ao cristianismo. Suas primeiras atividades incluem o convívio com o povo ojibway, durante vários anos, no sul de Ontário.

Durante sua permanência nessa tribo, aprendeu habilmente a língua ojibway e começou a grafar** a mesma, tomando por base o alfabeto romano. Por ser ministro do evangelho, Evans desejava traduzir a Bíblia para o Ojibway. No entanto, teve dificuldades com seu método, porque esta língua não se adaptava ao alfabeto romano.

Qualquer pessoa que familiaridade a língua ojibway ou com língua cree, sabe que toda palavra neolatina europeia, por exemplo, ao traduzida para estes idiomas, pode resultar em algo excessivamente grande. Para exemplificar, a palavra "escola" traduzida em cree fica: "kis ki nwa ma too ka mik" (Abaixo veja um exemplo de placa de trânsito no silabário cree). Outro exemplo é o próprio nome do povo cree em sua língua: Nēhiyawēwin / ᓀᐦᐃᔭᐍᐏᐣ.

No início da década de 40, Evans viajou para Norway House, em Manitoba, no Canadá (Veja no mapa ao lado). Ali vivia uma comunidade cree. Nesta localidade, a obra de Evans floresceu. Eles inventou um sistema de escrita usando caracteres denominados caracteres silábicos cree. Esse sistema é muito simples e puramente geométrico, consistindo em doze símbolos que são vogais ou consonantes básicas.

O próximo passo de sua obra foi ensinar às pessoas de Norway House e aos povos vizinhos  esse. Com o tempo conseguiu uma imprensa adaptada ao sistema dos caracteres cree e começou a impressão de material religioso nessa língua.

Tristemente, ali iniciaram-se os problemas para Evans. Havia acusações contra ele por causa de sua entrada nos domínios dos nativos e por causa de sua conduta. A situação chegou ao ponto de que ser forçado a deixar Norway House, retornando a Inglaterra, nunca mais voltando a aquele lugar.

Placas de Trânsito no silabário cree


João 3:16 no silabário cree

* Nota do Tradutor: Um silabário é um conjunto de símbolos de escrita que representam (ou aproximam) sílabas que compõem palavras. Um símbolo num silabário representa tipicamente um som consoante opcional seguido por um som  vogal (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Silab%C3%A1rio, acesso em 10 de agosto de 2012, às 13h20).
** N. do Trad.: Dar a forma escrita a um idioma ágrafo - que não possui tal forma.

Fontes:
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
acesso em 10 de agosto de 2012, às 17:21
Usado com permissão

sábado, 30 de junho de 2012

Onde encontrar ajuda na Bíblia - Parte 2

"nos fizeste para Ti, e nosso coração
está inquieto enquanto não encontrar
em Ti descanso".
Agostinho, Confissões, Livro 1, Capítulo 1


Quero destacar nesta postagem textos para três situações bastante incômodas: (1) Perda do emprego, (2) Enfermidade e (3) Morte de um Ente Querido.

1 - Todos ficamos satisfeitos por fazermos aquilo que gostamos. Principalmente, quando somos remunerados por isso. Mas há pessoas que não tem essa oportunidade e tantas vezes aguentam o que passam no emprego, porque sabem que seu(s)/sua(s) filhinho(s) ou filhinha(s), esposa dependem de seu suado e apertado salário para sobreviverem. Mas o que fazermos quando somos privados dessa atividade - o EMPREGO, por alguma razão?
 2 -  Você  já notou que quando está doente seu humor muda, a impaciência passa a ser algo comum? Ou, então, seu paladar muda, as comidas mais deliciosas ficam com "gosto" de papel? Seja qual for a mudança, as doenças nos privam de tantas boas sensações! O que devemos fazer?
3 - Dos momentos mais "espinhosos" da vida, a perda de alguém que muito amamos está nas primeiras colocações desse rank tenebroso. O que fazer?


Confira também outras postagens sobre Ajuda na Bíblia:
 
As referências utilizadas foram retiradas dos sites: Nova Versão Internacional, do Bible Gateway e da Almeida Corrigida Fiel da Sociedade Bíblica Trinitariana.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tradutores da Bíblia: John Eliot (1604-1690)


 UM INGLÊS QUE EMIGRA PARA A AMÉRICA
John Eliot (nascido em Widford, Hertfordshire, Inglaterra em 1604 e morto em 21 de maio de 1690 em Roxbury, Massachusetts Bay Colony) graduou-se em Cambridge, em 1622. Durante certo tempo, ensinou em um colégio onde entrou em contato com os puritanos, tomando a determinação de ser ministro do evangelho. Em 1631, foi à Nova Inglaterra (o que atualmente são os estados da costa leste dos Estados Unidos) e ali foi ordenado para pregar em Roxbury.


ELIOT E OS ÍNDIOS

Eliot passou os primeiros anos de ministério centrado nas necessidades de sua igreja local. Porém, em 1644, interessou-se grandemente pela língua e costumes dos índios. Começou a pregar-lhes em 1646 em inglês, isso durante o primeiro ano, no entanto, logo passou a falar-lhes em sua própria língua materna, ou seja, o alonquino.


TRADUTOR DA BÍBLIA

Publicou um catecismo para os alonquinos em 1654. Já no ano de 1658, havia traduzido a Bíblia a esse idioma. Esta foi a primeira Bíblia impressa na América Norte. Em 1685, publicou uma edição revisada da mesma. Eliot também escreveu The Christian Commonwealth (1659), Up-bookum Psalmes (1663), The Communion of Churches (1665), The Indian Primer (1669) e The Harmony of Gospels (1678), além de ser o principal colaborador do Bay Psalm Book.

A figura lateral mostra a primeira página da Bíblia de Eliot.


PRESERVADOR DE UMA CULTURA

Eliot ajudou a estabelecer povoados para os índios convertidos que viviam distantes das cidades dos colonos. Com isso, procurava preservar sua língua, cultura e leis. Preparou alguns deles para que fosse missionários em seu próprio povo. Dentre estes, Daniel Takawambpait foi o primeiro ministro índio na Nova Inglaterra, sendo ordenado em Natick, Massachussetts, em 1681. Os povoados indígenas de Eliot cresceram a ponto de cartoze mil habitantes, porém foram destruídos durante a guerra do Rei Felipe* em 1675

*Um líder indígena desejoso de expulsar os colonos da Nova Inglaterra.


Acesso em 18 de junho de 2012, às 18 horas
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão




quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Vida de Oração do Tradutor de Bíblias - Parte 2

"Planeja os teus negócios, se for possível,
para passares duas a três horas, todos os dias,
não só em adoração a Deus,
mas orando em secreto".
(Adoniram Judson citado por Boyer, p108)*

Admiramos profundamente a vida dos heróis e heroínas da fé, tanto os bíblicos com os da História Cristã pós-Bíblia! Desejamos ser usados do mesmo modo e até mais! Porém, quantos de nós estamos dispostos a "pagar" o preço de imitar-lhes os passos?! 

Tanto é verdade que o Senhor Jesus nos desafiou a esforçamos-nos "por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão" (Lc 13.24), quanto também é verdade que para perseverarmos no mesmo caminho que igualmente é estreito (Mt 7.14), servindo, adorando, evangelizando, traduzindo... precisamos também nos esforçar!

O sucesso do ministério de Judson, como o de outros servos-tradutores, vinha de seu desejo de dar glória a Deus através da tradução da Bíblia. "Judson perseverou durante vinte anos para completar a maior contribuição que se podia fazer à Birmânia (atual Mianmar, acréscimos meus - veja a posição desse país na classificação de países por perseguição a cristãos): a tradução da Bíblia inteira para na própria língua do povo" (BOYER, p 106).

E ele conseguiu isso por meio de sua total dependência mostrada a Deus em cada situação de sua vida! Principalmente, por meio da oração!

Sobre Judson, Boyer ainda declara: "As horas que passou, diariamente, suplicando ao Deus que dá mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, não foram perdidas" (p. 108).

Concordando com esse comentário, as palavras de Arthur W. Pink são desafiadoras: "Quando confiantemente nos resignarmos e deixarmos todos os nossos interesses nas mãos de Deus, plenamente persuadidos do Seu amor e fidelidade, tanto mais depressa ficaremos satisfeitos com as Suas providências e compreenderemos que Ele tudo faz bem" (PINK, p.82).**

A oração, não nossa capacidade nas línguas, nosso desejo de cumprir a Visão 2025, a oração é nosso grande trunfo - e porque não dizer triunfo!

Para saber mais, assista:



Ou leia as postagens:


*BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
** PINK , Arthur W.Os Atributos de Deus. São Paulo. Publicações Evangélicas Selecionadas, 2001.

János Erdösi (1504-1560)




János Erdösi nasceu em Seini (em húngaro Szinérváralja) hoje uma cidade da Romênia, em 1504. Foi o responsável pela primeira tradução do Novo Testamento para o húngaro a partir do texto grego (Ao lado, o frontispício da edição de Erdösi).


Depois de estudar em Cracóvia, na Polônia, foi Wittenberg período que se estendeu de 1526 a 1529). Retornando para sua  terra natal, trabalhou em  Sárvär, na Hungria, sob o patrocínio del magnate T. Nádasdi (ao lado, o castelo de Násdasdi), que foi o responsável pela primeira imprensa húngara em Uj-Sziget (Neanesis). 




Erdösi foi professor de hebraico em Viena, Áustria nos anos de 1542-1552. No entanto, foi expulso dali pelos jesuítas. Viajou, então, para Debrecen, cidade húngara, e, em 1557, fixou-se em Löcse ou Levoča (na atual Eslováquia), como professor e pregador.


Acessos em 13 de junho de 2012
Usado com permissão

terça-feira, 12 de junho de 2012

Missões Moravianas: Um Exemplo Inspirador

Segue abaixo um vídeo inspirador sobre missões feitas por um grupo protestante que passou para a História como Irmãos Morávios ou Moravianos.

Iniciado em Hernhut, Alemanha no século 18, o movimento de oração continua (24 horas) chamado Moravianos durou por quase 100 anos, e eles não oravam por aquilo que não estavam dispostos a ser a resposta.

Dois jovens Moravianos, de 20 anos ouviram sobre uma ilha no Leste da Índia cujo dono era um Britânico agricultor e ateu, este tinha tomado das florestas da África mais de 2000 pessoas e feito delas seus escravos, essas pessoas iriam viver e morrer sem nunca ouvirem falar de Cristo.

Esses jovens fizeram contato com o dono da ilha e perguntaram se poderiam ir para lá como missionários, a resposta do dono foi imediata: " Nenhum pregador e nenhum clérico chegaria a essa ilha para falar sobre essa coisa sem sentido". Então eles voltaram a orar e fizeram uma nova proposta: "E se fossemos a sua ilha como seus escravos para sempre?", o homem disse que aceitaria, mas não pagaria nem mesmo o transporte deles. Então os jovens usaram o valor de sua própria venda para custiar sua viagem.

No dia que estavam no porto se despedindo do grupo de oração e de suas famílias o choro de todos era intenso, pois sabiam que nunca mais veriam aqueles irmãos tão queridos, quando o navio tomou certa distância eles dois se abraçaram e gritaram suas ultimas palavras que foram ouvidas:

"QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO".

Estou convencido que não devo orar se não estou disposto a ser resposta pelo o que estou orando. "... Deus é poderoso pra fazer muito mais.... de acordo com Seu poder que opera em nós" (Ef 3:20)

Acesso em 12 de junho de 2012, às 14:10

Assista ao vídeo Jovens Moravianos



Se interessar, veja também:

Tradutores da Bíblia: Francisco de Enzinas (1520-1552)

ORIGEm e ESTUDOS

Francisco de Enzinas (1520-1552) era natural de Burgos e esteve diretamente vinculado à Reforma Protestante que se propagava por toda Europa. Estudou durante dois anos na universidade de Lovaina, na Bélgica, sob a orientação de Luis Vives. Em 1541, muda-se para Wittenberg levando cartas de recomendação para Lutero e Melanchton. Na casa deste último, ficou hospedado. Matriculou-se na universidade de Wittenberg com o nome de Franciscus Dryander Hispanus (Dryander significa em grego um tipo de arbusto de tronco largo e forte).


TRADUção do NoVO TESTAMENTO

Ali Melanchton (a figura ao lado) lhe anima para traduzir o Novo Testamento para o castelhano a partir do texto grego. Até então, ninguém havia realizado tal coisa, com a exceção de Alfonso X, o Sábio que, no século XIII, havia feito uma tradução. No entanto, tal versão, além de ser não mais que uma paráfrase, não foi tal divulgada.

Para sua tarefa, Enzinas toma como base o Novo Testamento grego que Erasmo havia editado e um ano e meio conclui sua tarefa. Para imprimir sua obra, retorna a Lovaina. Porém, a situação lá era muito difícil: Vários suspeitos de simpatizar com a Reforma haviam sido encarcerados e alguns destes seriam mortos na fogueira ou decapitados.

Na presença do iMPERADOR CARLOS V

Todavia, Enzinas se mostra decidido a seguir adiante com seu propósito. Pede a opinião dos teólogos da universidade da cidade, que ficam temerosos e inclusive o desestimulam a continuar com seus projetos. Diziam eles que as heresias nos Países Baixos haviam nascido em consequência da tradução das Escrituras à língua do povo. Diante desta reação, Enzinas mudou-se para Amberes (ou Antuérpia) onde encontra um impressor disposto a editar o manuscrito. No dia 25 de outubro de 1543, sai a primeira edição castelhana do Novo Testamento dedicada ao imperador Carlos V (Figura ao lado).

Sabendo que o imperador estaria em Bruxelas um mês depois, viajou para lá a fim de lhe entregar um exemplar. O encontro ocorreu em um domingo, dia 23 de novembro de 1543. Na ocasião foi apresentado pelo bispo de Jaén que também era o capelão de Carlos V, Francisco de Mendoza. Enzinas descreveu sua conversa com o imperador assim:

- Então, o Imperador me perguntou: Que livro queres me dedicar?
- Senhor, uma parte das Sagradas Escrituras que chamamos Novo Testamento, fielmente traduzido por mim para o castelhano. Nelas se encontram os relatos sobre o Evangelho e as Cartas dos Apóstolos.
- Desejo que Vossa Majestade, como defensor da religião, julgue e examine com atenção meu trabalho. Suplico humildemente que a obra, aprovada por Vossa Majestade, seja recomendada ao povo cristão por vossa autoridade imperial.
- Tu és o autor dessa obra? - replicou Carlos V.
- O Espírito Santo (disse Enzinas) é o autor. Inspirados por ele, alguns santos homens escreveram para que entendamos estes oráculos de saúde e redenção na língua grega. Sou apenas seu servo fiel e débil instrumento, que traduziu esta obra para a língua castelhana.
- Em castelhano? – repetiu o Imperador.
- Em nossa língua castelhana, insistiu Enzinas. Torno a suplicar-te que seja seu patrono e defensor, conforme a vossa clemência.
- Seja como queira, contanto que nada suspeito exista nesse livro.
- Nada que proceda da palavra de Deus deve ser suspeito aos cristãos, afirmou o tradutor.
- Cumpra-se tua vontade, se a obra é assim como asseguras e o bispo também.

ENCARCErAMENTO, IDAS e VinDAS e MoRTE

Pouco depois de um ano, esteve preso em Bruxelas, conseguiu escapar e fugiu para a casa de Melanchton, em Wittenberg, onde escreveu suas memórias. Ali, descobre que é procurado, caso não seja novamente preso, poderá sofre a perda de seus bens e a pena de morte. Nesse mesmo período, toma conhecimento do destino de seu irmão Jaime: morto na fogueira pelas mãos da Inquisição. A partir de então, sua vida se resume em idas e vindas por diversas cidades europeias. Durante dois anos vive na Inglaterra sob a proteção do bispo Cranmer, ensinando grego na universidade de Cambridge. Volta ao continente e no dia 30 de dezembro de 1552, morre em consequência da peste que assola a cidade de Estrasburgo.


PRISÃO DE ENZINAS

No dia seguinte, o bispo entregou um exemplar do Novo Testamento ao confessor de Carlos V, o dominicano Pedro de Soto, que chegaria a ser conselheiro da rainha da Inglaterra, Maria Tudor, popularmente conhecida como Maria, a Sanguinária.

Simulando interesse, em certos pontos da conversa, Soto marca um encontro com Enzinas, o qual foi preso por um pelotão de soldados e foi levado a uma prisão de Bruxelas. As acusações contra Enzinas foram: suspeito de luteranismo, amigo de luteranos e impressor do Novo Testamento em castelhano. Naturalmente, a edição do Novo Testamento foi recolhida e destruída.


Interrogatório

Do interrogatório de Enzinas, extraímos algumas perguntas e respostas:
- O que pensas de  Melanchthon e seus livros?
- Não li todos os livros de Melanchthon. E ainda que o tivesse lido, não seria capaz de dar minha opinião sobre os mesmos. Sobre sua pessoa, considero-o o melhor homem que já conheci.
- Como podes chamar de bom homem um herege excomungado?
- Não me consta que seja um herege e, se é possível chamar a Platão de 'divino', a Sócrates de 'santíssimo' e a Aristides de 'justo', que eram pagãos, porque vós vos escandalizais comigo, se considero um homem santo que crê nos artigos de nossa fé como toda a Igreja de Cristo como bom?

- Por que, pois, as palavras de Romanos 3:28: 'Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei', estão impressas em vosso Novo Testamento com letras grandes, se esta é  uma ideia luterana?
- O que vós chamais de luterano, eu chamo de paulino, ou melhor, cristão. É o impressor, que o editor assim. Porém, nunca jamais poderá ser um crime. Pelo contrário, é bom indicá-lo assim as pessoas, para que possam estar avisados e não entender mal o  sentido das palavras".


JUSTIFICATIVA para SUA TRADUÇÃO

O próprio Enzinas, no prólogo de seu Novo Testamento ao dirigir-se ao imperador, apresenta três razões para a publicação da mesma:

“Nenhum poder humano está em condições de ir contar a publicação das Sagradas Escrituras. Todos os demais povos europeus já desfrutam do privilégio de ter a Bíblia em sua própria língua materna. Eles chamam aos espanhóis de supersticiosos porque não a têm ainda. Nenhuma lei real ou papal proíbe a edição. E ainda que alguns julguem perigosas tais traduções em tempos heréticos, lembre-se que as heresias não têm origem na leitura da Bíblia, e sim nas perversas explicações que homens maus que a distorcem para a sua própria perdição”.

Acesso em 11 de junho de 2012, às 14:05 horas
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão


Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia

Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblia...